Os “Papéis da prisão ”, de Luandino Vieira: entre a escrita de si e o testemunho da barbárie
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v10i20.29955Palavras-chave:
Luandino Vieira, testemunho, escrita de si.Resumo
Em 2015, José Luandino Vieira lança o livro Papéis da Prisão, composto por uma seleção de cartas, apontamentos sobre sua escrita, recortes de jornais, pensamentos sobre teoria e prática literária, além de seus diários do cárcere. Ao final, o livro traz também a entrevista O Tarrafal é a prisão em mim, em que o autor, já com oitenta anos de idade, reavalia o seu percurso como escritor e ativista pela libertação de Angola do colonialismo português, além das marcas produzidas em sua vida pelos longos anos de encarceramento. O objetivo desta comunicação é pensar os Papéis da Prisão a partir de duas potências complementares: a constituição do depoimento de Luandino Vieira sobre suas experiências na luta pela independência angolana – pensando o livro como um espaço de recordação e destacando a escrita de testemunho como constituidora não apenas da memória individual, mas de uma dimensão de memória pública de cunho político do período, nas relações que estabelece com a história dos espaços de língua portuguesa, marcada por eventos extremos durante o século XX; e a elaboração dos cadernos autobiográficos como escritas de si – exercícios de escrita íntima que funcionam como matéria prima para a elaboração de obras futuras, além de maneiras de indagação e produção de formas de subjetividade a partir do exercício da escrita de si para si e de si para outros, constituindo um mecanismo de autoinvestigação, autoadestramento e individuação a partir da literatura.
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