Morrer, pensar, escrever: pactos do eu autoral

Autores

  • Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira Universidade Federal Fluminense

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v11i22.29981

Palavras-chave:

autor, escrita, morte, ficção, testemunho.

Resumo

O poeta pensa na palavra e nela morre. O poeta “morre de pensar” (Quignard) e morre de escrita. Pensar, morrer, escrever são atos em simultâneo ao efeito da escrita e a qualquer distância da morte. Por vezes uma forte experiência de desamparo pode iluminar a vertigem deste encontro que permite ao autor encenar-se como “morto”. É o que ocorre com Blanchot num texto curto e híbrido entre ficção e escrita de si – O instante da minha morte -, que motivou Derrida a escrever um longo ensaio. Morto desde que enunciado, o autor se dobra a serviço do que lhe advém: um novo eu e um novo real que o pensamento permite pela escrita. Ceder ao incognoscível é desaparecer e deixar que corpo e ideias façam o seu trabalho na encenação de uma “inconcreta” morte. Assim como o sonho, o pensamento se produz a partir de conceitos/palavras que inventam liames e sentidos entre as imagens dispersas, lugar onde somos/estamos desde sempre perdidos. Em torno do exposto, o artigo pretende refletir sobre a escrita em conexão com a morte, a partir do pensamento de Blanchot e alguns antecessores (Hegel, Valéry), com o objetivo de abordar, não só a especificidade do literário, mas ainda algum aspecto não-literário da linguagem, catalogado como testemunhal, de modo a encontrar a indecidibilidade. No lugar de limites, acena-se ao conceito de limiares para investigar alguns pactos do eu autoral, em Herberto Helder, Gonçalo M. Tavares e no próprio Blanchot.

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Biografia do Autor

Maria Lúcia Wiltshire de Oliveira, Universidade Federal Fluminense

Professora Associada IV, realizou Estágio Sênior junto à Universidade Nova de Lisboa (2009-2010) e Pós-doutorado na Universidade Estadual de Campinas (2002). É doutora em Literatura Portuguesa pela Universidade de São Paulo (1997), mestre em Letras pela Universidade Federal Fluminense (1991), com tese e dissertação sobre José Saramago. Graduou-se em Letras (1975) e em Psicologia (1984), ambas pela Universidade Federal Fluminense, onde atua como docente e pesquisadora do Programa de Pós-graduação em Estudos Literários. Possui experiência de ensino e pesquisa na área de Letras, subárea de Literatura Portuguesa com pesquisas voltadas para as questões do sujeito e da imagem na escrita da contemporaneidade, com destaque atualmente para as obras de Maria Gabriela Llansol, Teolinda Gersão e Gonçalo M. Tavares. É Vice-Coordenadora do Curso de Graduação de Letras, modalidade Educação a Distância no Programa UFF/CEDERJ/UAB e Coordenadora da disciplina Literatura Portuguesa I. no mesmo curso.

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Publicado

2019-06-23

Como Citar

de Oliveira, M. L. W. (2019). Morrer, pensar, escrever: pactos do eu autoral. Abril – NEPA / UFF, 11(22), 39-50. https://doi.org/10.22409/abriluff.v11i22.29981