“Essas mentiras, caro doutor, vão tornar-se verdades indiscutíveis”: memórias subterrâneas, violência e legitimidade em O anjo branco, de José Rodrigues dos Santos

Autores

  • Daniel Laks Universidade Federal de São Carlos

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50213

Palavras-chave:

O Anjo branco, Memórias subterrâneas, O Anjo branco. Memórias subterrâneas. Salazarismo. Monopólio da violência., Monopólio da violência

Resumo

O objetivo deste artigo e discutir o romance O anjo branco, de Jose Rodrigues dos Santos, a partir da ideia do campo literário como um arquivo de memorias que se confrontam em disputa por uma autoridade narrativa sobre um tempo e a legitimidade dos seus acontecimentos específicos. O autor se coloca como representante de sua comunidade de memória e teatraliza, no palco de sua narrativa, uma argumentação ideológica interessada muito mais na representação do que chama de “espírito do tempo” do salazarismo do que na reconstituição factual das ocorrências. Esta noção das intenções que sustentam as ações do regime está intimamente relacionada a base das teorias contratualistas que justificam o monopólio e a utilização da violência por parte do poder público quando visam o bem comum. Assim, o artigo discute a relação entre história, memoria, política e literatura a partir de teóricos como Thomas Hobbes, Hayden White, Micheal Pollack, Margarida Calafate Ribeiro e Diana Klinger.

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Biografia do Autor

Daniel Laks, Universidade Federal de São Carlos

É professor adjunto e professor do quadro efetivo do Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura (PPGLit) da Universidade Federal de São Carlos. Realizou pós-doutorado na Universidade Federal Fluminense com financiamento FAPERJ (Bolsa FAPERJ Nota 10). Possui doutorado pelo programa de pós-graduação Literatura, Cultura e Contemporaneidade da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro com período sanduíche de doze meses na Universidade de Coimbra (2016). Possui mestrado em Letras pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2011).

Referências

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Publicado

2021-10-27

Como Citar

Laks, D. (2021). “Essas mentiras, caro doutor, vão tornar-se verdades indiscutíveis”: memórias subterrâneas, violência e legitimidade em O anjo branco, de José Rodrigues dos Santos. Abril – NEPA / UFF, 13(27), 95-108. https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50213