A “inseparabilidade” dos trânsitos na obra de Djaimilia Pereira de Almeida
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50258Palavras-chave:
Inseparabilidade, Migração, Post-migrationResumo
A partir do conceito de “inseparabilidade”, publicado por Djaimilia Pereira de Almeida em ensaio homônimo como parte do livro Pintado com o pé (2019), este artigo propõe uma leitura de quatro obras da escritora, a saber: Esse cabelo (2015), Luanda, Lisboa, Paraíso (2018), As telefones (2020) e Maremoto (2021). Em comum, os quatro livros apresentam histórias de imigração, majoritariamente entre Angola e Portugal, não aquela ligada ao movimento dos retornados, já amplamente trabalhado pela literatura portuguesa, mas a de uma geração posterior ao período da descolonização, portanto, vivenciada já a partir da década de oitenta. Como indica o texto da orelha de suas obras (com exceção das duas últimas publicações, mudança editorial relevante), Djaimilia “nasceu em Angola, cresceu em Portugal, vive nos subúrbios de Lisboa”, portanto, sua inserção na literatura portuguesa contemporânea, a despeito do lugar marcado pelo mercado editorial, também merece atenção. Afinal, a reflexão sobre uma memória/história pública da colonização, para além dos testemunhos dos partícipes da guerra/da descolonização ou da segunda geração (pós-memória), que englobe a diáspora das populações das ex-colônias e ressignifique o espaço da antiga metrópole, ainda está por ser feita. Por fim, reflete-se sobre a necessidade de pensar a obra de Djaimilia Pereira de Almeida não apenas pela recorte pós-colonial, mas também passando pelo conceito de “post-migration” para compreender a sua escrita como uma memória outra na literatura portuguesa pós-25 de abril.
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Referências
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