Narratividade, memória e descolonização no romance O retorno, de Dulce Maria Cardoso
DOI:
https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50259Palavras-chave:
Memória, Retornados, descolonização epistemológica., Dulce Maria CardosoResumo
O artigo faz uma análise de O retorno, de Dulce Maria Cardoso, ressaltando sua linearidade memorialística; além de discutir a relevância da memória no processo de descolonização e no deslocamento dos chamados retornados a Portugal, sob a ótica do personagem-narrador do romance, o jovem Rui. A memória, diante de toda a fragmentação do indivíduo, proporciona para a literatura também um discurso fragmentado de histórias, antes conhecidas através das vozes dos vencedores, presente no discurso hegemônico. Recuperam-se aqui as histórias de um passado cheio de lacunas, que na contemporaneidade são munidas de trauma e verdade. A construção da narrativa O retorno, de Dulce Maria Cardoso, alicerça-se sobre a base da memória, desde aquela que pertence unicamente à autora, retirada de seu convívio em Angola aos treze anos de idade, até a visão de Rui, igualmente retornado a uma pátria desconhecida. O romance é contado sob a base mnemônica, e revela a capacidade de os sujeitos viverem os acontecimentos e contá-los ao mesmo tempo ou décadas depois, introduzindo no romance contemporâneo português as particularidades de uma pós-memória.
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