Cristalizações de memórias alheias: a guerra colonial na escrita da pós-memória de Paulo Faria

Autores

  • Felipe Cammaert Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50684

Palavras-chave:

pós-colonialismo, Pós-memória, Guerra colonial, Portugal, Paulo Faria

Resumo

Na escrita de Paulo Faria, a apropriação das memórias alheias da guerra colonial portuguesa em África materializa-se em dois âmbitos complementares e, contudo, autónomos. Por um lado, o ponto de partida da escrita ficcional de Faria é a cristalização, na escrita e pela escrita, da memória do pai sobre a experiência colonial. Desde a perspetiva do filho, esta depuração da memória é representada em termos de uma guerra através da escrita, no intuito de reviver a experiência traumática do pai. Por outro, no processo de constituição da pós-memória, a visão do herdeiro é composta igualmente pelas narrativas das testemunhas diretas da guerra colonial, nomeadamente as dos militares que estiveram em Moçambique com o pai. Porém, nesse processo de construção de uma pós-memória pelo filho, acontece que, em ocasi.es, estas testemunhas interrogam a visão do descendente quando transformada em ficção. Ora, a resposta de Faria vai precisamente no sentido de insistir no caráter ficcional – e, sobretudo, mediado – da sua escrita, que sempre tem em conta o facto de se tratar apenas de uma memória de segunda mão.

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Biografia do Autor

Felipe Cammaert, Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra

Investigador no Centro de Línguas, Literaturas e Culturas (CLLC) da Universidade de Aveiro. De 2018 a 2020 foi investigador em Pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, no âmbito do projeto MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias. Doutor em Estudos Românicos e Literatura Comparada pela Universidade Paris-Nanterre, com uma tese sobre as representaç.es da memória na obra de António Lobo Antunes e de Claude Simon. Este texto resulta do trabalho desenvolvido pelo projeto MEMOIRS – Filhos de Império e Pós-memórias Europeias, financiado pelo Conselho Europeu para a Investigaç.o (ERC) no quadro do Horizonte 2020, programa para a investigaç.o e inovaç.o da Uni.o Europeia (contrato nº 648624).
https://orcid.org/0000-0001-6918-7473

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Publicado

2021-10-27

Como Citar

Cammaert, F. (2021). Cristalizações de memórias alheias: a guerra colonial na escrita da pós-memória de Paulo Faria. Abril – NEPA / UFF, 13(27), 79-94. https://doi.org/10.22409/abriluff.v13i27.50684