Llansol e a potência da alegria

Autores

  • Luís Maffei Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v14i28.52457

Palavras-chave:

Maria Gabriela Llansol], alegria, verdade, tempo, silêncio

Resumo

A obra de Maria Gabriela Llansol, em sua singularidade, é um investimento na alegria: polifônica, se abre a diversas outras vozes, sendo a de Baruch Spinoza a que mais claramente formula o júbli. Além disso, Llansol constrói uma experiência de liberdade que, na escrita, visita os silêncios, quase musicalmente, e elabora uma verdade de caráter libertador: é aí que a escritura llansoliana nos ajuda a ir contra opressões muito contemporâneas, como uma verborragia que nada diz e o enfraquecimento da possibilidade de verdade, uma verdade que funcione, não como ideia, mas como liga das relações humanas. Ao procurar uma verdade sem Uno, Llansol busca um tipo de narrativa que supere a violência de Iavé, aproximando-se de algum éthos dos Evangelhos e de um feminino fundador, além de uma intensa lida com o tempo, que o afasta de Cronos. A escrita llansoliana, entre a segurança, ou o equilíbrio, e a insegurança, ou o desequilíbrio, é contentamento no encontro do diverso, logo na aventura da uma alteridade sempre em expansão. 

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Luís Maffei, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Professor de Literatura Portuguesa da UFF e bolsista em Produtividade em Pesquisa do CNPq. Como ensaísta, publicou, entre outros, Do mundo de Herberto Helder (Oficina Raquel, 2017) e Despejo quieto (EdUFF, 2015), além de ter coorganizado diversos volumes. Na poesia, escreveu títulos como Telefunken (Deriva, 2009), Signos de Camões (Companhia das Ilhas, 2012) e 40 (Guilhotina, 2015). Pelo conjunto da obra, recebeu, em 2013, o prêmio Icatu de Artes – Literatura.

Referências

AMARAL, Ana Luísa. Desconstruindo identidades: ler Novas cartas portuguesas a luz da teoria queer. In. Arder a palavra e outros incêndios. Rio de Janeiro: Oficina Raquel, 2019. p. 99-122.

BEIGUELMAN, Giselle. Vigilância e resistência na dadosfera. São Paulo: Ubu, 2021.

Bíblia – Novo Testamento: Apóstolos, Epistolas, Apocalipse. Trad. Frederico Lourenco. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2017.

CAMOES, Luís de. Rimas. Ed. Álvaro J. da Costa Pimpão. Coimbra: Almedina, 2005.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Felix. O anti-Édipo – capitalismo e esquizofrenia I. 2. ed. Trad. Luiz B. Orlandi. São Paulo: 34, 2011.

ESPOSITO, Roberto. Dois – a máquina da teologia política e o lugar do pensamento. Trad. Henrique Burigo. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2019.

GARCIA, Adriane. Eva-proto-poeta. Nova Lima/ MG: Caos e Letras, 2020.

LLANSOL, Maria Gabriela. Lisboaleipzig 1 – o encontro inesperado do diverso. Lisboa: Rolim, 1994.

LLANSOL, Maria Gabriela. O senhor de Herbais. Lisboa: Relógio d’Agua, 2002.

LLANSOL, Maria Gabriela. O começo de um livro é precioso. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.

LLANSOL, Maria Gabriela. Amigo e Amiga – curso de silêncio de 2004. Lisboa: Assirio & Alvim, 2006.

LLANSOL, Maria Gabriela. Os cantores de leitura. Lisboa: Assírio & Alvim, 2007.

LLANSOL, Maria Gabriela. Um falcão no punho – Diário I. Belo Horizonte: Autêntica, 2011a.

LLANSOL, Maria Gabriela. Finita – Diário II. Belo Horizonte: Autêntica, 2011b.

LLANSOL, Maria Gabriela. Inquérito às quatro confidências – Diário III. Belo Horizonte: Autêntica, 2011c.

MARTELO, Rosa Maria. Algumas notas sobre poesia e (des)equilíbrios. Telhados de vidro no8, Lisboa, Averno, 2007. p. 131-140.

NIETZSCHE, Friedrich. Assim falou Zaratustra. Trad. Mario da Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

PEQUENO, Tatiana. Casas politicas, lugares do mundo. In. WILTSHIRE DE OLIVEIRA, Maria Lucia (Org.). Um nome de fulgor – Maria Gabriela Llansol (1931-2008). Niterói/ RJ: Editora da UFF, 2012. p. 85-92.

SILVA, Suelen. Cem um tempo que nos caiba: por uma poética do suspenso em Onde vais, drama-poesia? Dissertação de Mestrado, Programa de Estudos de Literatura/ UFF, 2021.

ZUBOFF, Shoshana. A era do capitalismo de vigilância – a luta por um futuro humano na nova fronteira do poder. Trad. George Schlesinger. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2020.

Downloads

Publicado

2022-04-14

Como Citar

Maffei, L. (2022). Llansol e a potência da alegria. Abril – NEPA / UFF, 14(28), 181-196. https://doi.org/10.22409/abriluff.v14i28.52457