Desacelerar os passos, resistir à positividade: chagas da psicopolítica em Inferno, de Pedro Eiras

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v16i32.60469

Palavras-chave:

Poesia portuguesa contemporânea, Pedro Eiras, Psicopolítica, Positividade, Desaceleração

Resumo

Partindo da reflexão de Byung-Chul Han a respeito da psicopolítica como a nova ordem contemporânea, que rege a “sociedade do cansaço”, apresentamos a leitura de alguns poemas do Inferno (2022), de Pedro Eiras. Ao descrever diversos cenários da vida urbana hiperacelerada e hiperconectada, o sujeito lírico passa a caminhar entre seus semelhantes e, todos juntos, sentem-se oprimidos pelo excesso de positividade imposto pelo big data. Ao transitar por diversos não-lugares, o poeta apresenta uma postura crítica, de acentuada preocupação ética, em relação aos impactos subjetivos do neoliberalismo. Por fim, concluímos que nos trinta e três cantos híbridos do Inferno, a contradicção presente nos versos atrita com a anulação da subjetividade ao propor, por meio da experiência temporal gerada pela poesia, o intervalo, a intimidade e o tédio profundo.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Alberto da Silva Sales, Instituto Federal Goiano (IFG)

Professor de Linguagens no Instituto Federal Goiano, Campus Hidrolândia, Goiás, Brasil, e no PPG em Língua, Literatura e Interculturalidade da Universidade Estadual de Goiás, Cidade de Goiás, Goiás, Brasil. Desenvolveu Estágio Pós-doutoral (2021-2023) no PPG em Estudos de Literatura da Universidade Federal Fluminense, sob supervisão de Ida Alves. Integra o Grupo de Pesquisa Poesia e Contemporaneidade (UFF/CNPq) e o Grupo de Trabalho Texto Poético (ANPOLL).

Referências

EIRAS, Pedro. Inferno. São Paulo: Assírio & Alvim, 2022.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso. Tradução Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 2014.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2021.

FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da Prisão. Tradução Raquel Ramalhete. Petrópolis: Editora Vozes, 2014.

HAN, Byung-Chul. Psicopolítica: o neoliberalismo e as novas formas de poder. Tradução Maurício Liesen. Editora Âyiné: Belo Horizonte, 2018.

HAN, Byung-Chul. Sociedade do cansaço. Tradução Enio Paulo Giachini. Petrópoles: Vozes, 2017.

MARTELO, Rosa. Cartucho e as linhas de renovação da poesia portuguesa na segunda metade do século XX. In: MARTELO, Rosa Maria. A forma informe: leituras de poesia. Porto: Assírio & Alvim, 2010, p. 155-178.

MARTELO, Rosa. Devagar, a poesia. In: MARTELO, Rosa. Devagar, a poesia. Lisboa: Documenta, 2022, p. 19-39.

MARTELO, Rosa. Notas para a salvação do mundo. In: MARTELO, Rosa. Devagar, a poesia. Lisboa: Documenta, 2022, p. 195-212.

MBEMBE, Achille. Necropolítica: biopoder, soberania, estado de exceção, política da morte. Tradução Libby Meintjes. São Paulo: N1 edições, 2021.

RANCIÈRE, Jacques. A partilha do sensível. Tradução Mônica Costa Melo. São Paulo: Editora 34, 2009.

Downloads

Publicado

2024-05-04

Como Citar

Sales, P. A. da S. (2024). Desacelerar os passos, resistir à positividade: chagas da psicopolítica em Inferno, de Pedro Eiras. Abril – NEPA / UFF, 16(32), 67-80. https://doi.org/10.22409/abriluff.v16i32.60469

Edição

Seção

Dossiê Literatura e (Pós-)verdade