Rudolfo: a ficção como direito

Autores

  • Ivan Takashi Kano Universidade Federal Fluminense (UFF)

DOI:

https://doi.org/10.22409/abriluff.v16i32.61976

Palavras-chave:

Memória, História e Ficção, Literatura Portuguesa

Resumo

Neste trabalho, propõe-se uma leitura de Rudolfo, de Olga Gonçalves, primeiro romance português a tratar da questão dos retornados, buscando desenvolver dois pontos de reflexão convergentes. Por um lado, cabe analisar as tensões provocadas pela escrita da memória, buscando compreender em que medida sua representação no romance, ao investir na construção subjetiva, se mostra capaz de promover novos desenhos de identidades que se afirmam desde a margem — ora a do personagem-título, ora a da narradora —, a partir do encontro com o outro, por muito problemático que este encontro seja. Por outro lado, com o auxílio do pensamento de teóricos como Paul Ricoeur e Luiz Costa Lima, cremos ser fundamental refletir acerca do estatuto ficcional do texto, ou melhor, das tensões existentes entre o discurso literário e o pano de fundo histórico que lhe dá sustentação. Diante desse quadro, a prática de uma escrita decididamente ficcional parece se impor como instrumento para propor outros modos de conceber a relação entre o verbal e seus referentes e, sobretudo, para legitimar espaços de enunciação desde os quais os protagonistas combatem o silenciamento de seus papéis sociais.

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Biografia do Autor

Ivan Takashi Kano, Universidade Federal Fluminense (UFF)

Docente EBTT do Instituto Federal do Paraná, Campus Jaguariaíva. Doutor em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense e, atualmente, fazendo estágio de pós doutoramento vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Estudos de Literatura da mesma Universidade.

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Publicado

2024-05-04

Como Citar

Kano, I. T. (2024). Rudolfo: a ficção como direito. Abril – NEPA / UFF, 16(32), 139-151. https://doi.org/10.22409/abriluff.v16i32.61976

Edição

Seção

Dossiê 25 de Abril