Madame Satã e a encenação do feminino: impasses de um malandro travestido de vermelho
DOI:
https://doi.org/10.22409/rg.v8i2.190Resumo
O filme Madame Satã, de Darim Aïnouz, desloca as convenções formais de binarismos construídos e subscritos por grande parte das narrativas culturais brasileiras, tais como "heterossexualidade vs. homossexualidade", "negro vs. branco" e "masculino vs. feminino". Importa salientar o papel das estratégias performativas e paródicas como fundamentais para a constituição de arranjos disruptivos de gênero, raça e sexualidade. Destarte, no presente estudo, procura-se articular uma reflexão que conjuga, ao mesmo tempo, pressupostos semióticos com as reflexões urdidas no campo dos estudos de gênero, evidenciando, assim, as estratégias representativas mobilizadas pelo filme de Aïnouz. Realiza-se, ao mesmo tempo, um exercício dialógico de análise fílmica, estabelecendo interconexões entre documentos históricos e literários que também se ocuparam de enunciar a trajetória de João Francisco dos Santos, o sedutor malandro travestido da Lapa.