Apresentação
DOI:
https://doi.org/10.22409/rg.v7i2.138Resumo
A percepção da onipresença do corpo na cultura contemporânea tem estimulado
uma extensa produção acadêmica sobre esta temática em diferentes campos
do conhecimento. Particularmente, no campo das ciências sociais e humanas tais
estudos têm enfatizado a intrínseca relação entre corpo, identidade e diferença,
enfatizando os modos pelos quais o poder opera para constituir essas relações.
Este dossiê reúne um conjunto de textos de estudiosas(os) do tema que focalizam
processos educativos e culturais que se desenvolvem em diferentes instâncias
do social e o fazem utilizando-se de perspectivas teóricas como Estudos Culturais,
Estudos de Gênero, Pós-Estruturalismo, Estudos Gays e Lésbicos, Epistemologias Feministas
e História do Corpo. Nesse sentido, estes textos se afastam de perspectivas
teóricas que tomam o corpo como uma entidade biológica universal para teorizá-lo
como um constructo sociocultural e lingüístico, produto e efeito de relações de poder.
Uma perspectiva como esta implica refletir sobre processos que distinguem e
separam corpos, dotando-os de um determinado gênero, de uma determinada raça,
de uma determinada sexualidade, por exemplo.
Isso não significa que eles neguem a materialidade do corpo ou digam que ela
não importa. O que eles fazem é mudar o foco das análises que operam,
problematizando processos e relações sociais que tomam a biologia como causa e
explicação de diferenças e desigualdades sociais. Como tais processos e relações são,
fundamentalmente, educativos, consideramos que este dossiê apresenta subsídios
instigantes para que educadores e educadoras questionem as práticas educativas e
culturais nas quais estão envolvidos, no sentido de reconhecer as implicações destas
para a construção e valoração de determinados tipos de corpos e identidades e,
portanto, também, para a sua desconstrução.