Um corpo sem carne: considerações críticas sobre os limites do “materialismo” de Judith Butler.

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Resumo

A teoria da performatividade de gênero tal como proposta por Judith Butler é acusada de por vezes flertar com determinada semiologização irrestrita do mundo, dando forma a um posicionamento sobre o corpo que parece elidir sua concretude. No presente ensaio, debruçamo-nos sobre os sentidos atribuídos por Butler à noção de materialidade corporal, privilegiando a análise crítica de suas teorizações no seu hoje clássico Bodies That Matter (1993), obra que ganhou recentemente sua primeira edição em língua portuguesa. Filiando-nos à polêmica em torno do “materialismo falho” butleriano, identificamos duas “modalidades de materialidade” em seus escritos, sendo ambas, argumentamos, limitadas por certa inclinação exacerbada ao discursivo. Por fim, defendemos, em confluência com os recentes desenvolvimentos neomaterialistas, a necessidade de resgate/construção de uma noção de materialidade corporal situada além da inconcretude que permeia muitas das atuais considerações feministas sobre os corpos.

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Biografia do Autor

Caynnã Santos, Universidade de Coimbra

Doutor em Sociologia pela Universidade de Coimbra, Mestre em Filosofia pela Universidade de São Paulo, no Programa de Estudos Culturais, e bacharel pela Universidade de São Paulo. É Investigador no Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES).

Virgínia Ferreira, Universidade de Coimbra

Doutorada em Sociologia pela Universidade de Coimbra; Professora Associada da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (FEUC) e Investigadora Permanente do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES). 

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Publicado

2023-01-26