Mapeamento de pontos de coleta de itens recicláveis e educação ambiental em Campos dos Goytacazes.
Palavras-chave:
Educação ambiental, Economia do meio ambiente, Reciclagem, Gestão de resíduos, Campos dos Goytacazes, Economia dos recursos naturaisResumo
A gestão de resíduos sólidos nas áreas urbanas do Brasil enfrenta um desafio ambiental significativo. A saturação dos aterros sanitários, a poluição ambiental, a presença de catadores em locais de despejo, a escassez de espaço para novos aterros e o desperdício de materiais complexos indicam a necessidade de repensar o sistema atual de gerenciamento de resíduos pós-consumo. Abordagens integradas para a gestão de resíduos urbanos devem destacar a conexão entre políticas públicas e o envolvimento ativo da comunidade local, um aspecto essencial para enfrentar esses desafios (Ribeiro et al., 2014). Embora o Brasil esteja entre os maiores recicladores de materiais no mundo, com destaque para materiais como alumínio, a taxa de reciclagem global no país ainda é baixa, correspondendo a apenas 11% do potencial total. Esse dado revela um grande espaço para melhorias (REVISTA PRO TESTE, 2008). A reciclagem, portanto, desponta como uma alternativa promissora para a redução de resíduos e a mitigação dos impactos ambientais associados ao aumento da atividade humana, como as mudanças climáticas, a perda de biodiversidade e a degradação do solo. O aumento da geração de resíduos está diretamente relacionado à interação entre o sistema econômico e o meio ambiente, onde recursos naturais são extraídos e, posteriormente, devolvidos ao ambiente na forma de resíduos (Andrade, 2008). Isso ressalta a necessidade de novas abordagens que considerem a conexão intrínseca entre a economia e o ecossistema, uma questão central da economia ecológica. A economia ecológica surgiu como uma corrente interdisciplinar em resposta à crescente insatisfação de pesquisadores com as soluções tradicionais oferecidas para os problemas ambientais. Formalmente estabelecida em 1989, durante a criação da International Society for Ecological Economics (ISEE), essa vertente se preocupa com a análise das leis da termodinâmica e seus impactos sobre a dinâmica econômica (Caixeta, 2009). As duas principais leis da termodinâmica, a lei de conservação de matéria e energia (primeira lei) e a lei da entropia (segunda lei), têm implicações diretas para a escassez de recursos, o que é considerado um dos desafios centrais da economia. A reciclagem, neste contexto, oferece uma solução ao reaproveitar materiais que, de outra forma, seriam descartados, reduzindo a necessidade de extração de novos recursos e o consumo de energia. A reciclagem destaca-se como uma atividade ambientalmente sustentável que requer menos energia para processar materiais reciclados do que para produzir novos produtos a partir de recursos naturais. Além de economizar energia, essa prática reduz a emissão de gases de efeito estufa, contribuindo significativamente para a mitigação das mudanças climáticas e outros problemas ambientais. A economia dos recursos naturais, que também faz parte da economia ambiental, vem ganhando relevância no debate atual. Por muito tempo, os recursos naturais foram subvalorizados pela análise econômica, uma vez que eram considerados praticamente infinitos. No entanto, fatores como o esgotamento dos recursos, a expansão das fronteiras geográficas e os avanços tecnológicos trouxeram à tona a necessidade de uma gestão mais cuidadosa desses bens. Assim, a economia dos recursos naturais propõe a análise do “uso ótimo” de recursos reprodutíveis e não reprodutíveis, visando assegurar o bem-estar das gerações presentes e futuras (May, 2018). A reciclagem se encaixa perfeitamente nesse contexto, uma vez que o reaproveitamento de materiais reduz a demanda por recursos primários, como minerais e energia, preservando recursos finitos. A prática contribui não só para a conservação dos recursos, mas também para a minimização da geração de lixo, o que diminui a pressão sobre a extração de matérias-primas, aumenta a vida útil dos aterros sanitários, e evita a contaminação do solo e das águas. Além disso, a reciclagem gera benefícios econômicos e sociais, como a criação de empregos e a redução de gastos públicos com saúde, uma vez que a menor poluição implica em menores custos com tratamentos de doenças associadas à contaminação ambiental (Ferrari et al., 2003). Nesse sentido, é fundamental que os municípios adotem políticas públicas eficazes para o gerenciamento dos resíduos, não apenas pelos benefícios econômicos, mas também pela preservação dos recursos naturais. A educação ambiental é uma ferramenta crucial para sensibilizar a população sobre a importância da reciclagem e do tratamento adequado dos resíduos. A longo prazo, o fortalecimento dessas práticas pode contribuir para um reequilíbrio ambiental, gerando benefícios sustentáveis para a sociedade. Este projeto visa à preservação ambiental, ao fortalecimento da economia local e a uma mudança positiva na população do município de Campos dos Goytacazes. Além disso, representa uma oportunidade para a universidade se engajar com a comunidade. O objetivo geral do projeto é mapear os pontos de coleta de itens recicláveis e não recicláveis no município, desenvolver e distribuir uma apostila de educação ambiental nas escolas, destacando os impactos da má gestão de resíduos e a importância da coleta seletiva. Espera-se, assim, uma maior participação e envolvimento da comunidade em iniciativas de sustentabilidade e conservação ambiental.
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Referências
CAIXETA, D. “Economia e meio ambiente: aspectos teóricos e metodológicos nas visões neoclássica e da economia ecológica.” Leituras de Economia Política, 14, p. 1 – 31. 2009.
MAY, P. H. Economia do meio ambiente: teoria e prática. - 3a ed. - Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. ISBN 978- 85-352-9006-6
FERRARI, P. F.; DECONTO, S. M. Análise econômica da reciclagem de resíduos sólidos gerado sem meios de hospedagem uma proposta de estudo. In: SEMINÁRIO DE PESQUISA EM TURISMO DO MERCOSUL, 1., 2003, Caxias do Sul. Anais... Caxias do Sul: UCS, 2003.
REVISTA PRO TESTE. Rio de Janeiro. n. 70, p. 24-25, jun. 2008.
RIBEIRO, L.; FREITAS, L.; CARVALHO, J.; FILHO, J. Aspectos econômicos e ambientais da reciclagem:um estudo exploratório nas cooperativas de catadores de material reciclável do Estado do Rio de Janeiro. Nova Economia, Belo Horizonte, v. 24, n. 1, p. 191-214, 2014.
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