Outros tempos possíveis: disputas de valores e convenções do jornalismo em Tempos Fantásticos

Autores

  • Itania Maria Mota Gomes Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia
  • Nuno Manna Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v37i3.19457

Palavras-chave:

Tempos Fantásticos, jornalismo, fantástico, historicidades, convenções.

Resumo

Este artigo analisa como o Tempos Fantásticos, um jornal satírico publicado no Brasil desde 2016, aciona matrizes do fantástico para disputar valores e convenções do cânone jornalístico. Tomando como quadros conceituais e metodológicos as obras de Raymond Williams e Jesús Martín-Barbero e seus esforços para a consideração das historicidades em qualquer análise da cultura, evidenciamos como a experimentação em torno do “jornalismo fictício” de Tempos Fantásticos significa disputar o imperativo ético que legitima o jornalismo como instituição social e um de seus valores centrais, a atualidade. Esse movimento evidencia disputas políticas e culturais no tratamento de valores e convenções do jornalismo, do tempo e da realidade.

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Biografia do Autor

Itania Maria Mota Gomes, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia

Doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia e bolsista produtividade em Pesquisa do CNPq desde 2005. Membro permanente do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, integrante do Centro de Pesquisa em Estudos Culturais e Transformações na Comunicação.

Nuno Manna, Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Culturas Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia

Doutor em Comunicação Social pela Universidade Federal de Minas Gerais, membro permanente do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas da Universidade Federal da Bahia, integrante do Centro de Pesquisa em Estudos Culturais e Transformações na Comunicação

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Publicado

2018-12-28 — Atualizado em 2021-03-17

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