Eu sou o monstro que vos escuta

Auteurs-es

Mots-clés :

subjetividade, transexualidade, cisgeneridade, clínica

Résumé

Ao enunciar “eu sou o monstro que vos fala”, Preciado colocou a psicanálise contra a parede, desafiando suas premissas e a naturalização de certas categorias. Preciado se colocou como o corpo analisado, diagnosticado e patologizado pela psicanálise e pelos saberes psi como um todo, e enfrentou o tradicionalismo psicanalítico, os discursos médicos e psiquiátricos que sustentam a ciência moderna. A partir disso, podemos compreender o lugar que o sujeito trans e gênero dissidente ocupa para os saberes psi, mas qual o lugar que este ocupa dentro destes saberes? O que ocorre quando um corpo trans se apresenta como analista, como clínico, como o sujeito a exercer a escuta clínica? O que ocorre quando a posição é invertida? Neste artigo, temos como objetivo questionar os discursos psis e suas naturalizações, tal como investigar as possibilidades e potências de um corpo trans na clínica – não como analisando, mas como analista.

Téléchargements

Les données sur le téléchargement ne sont pas encore disponible.

Bibliographies de l'auteur-e

Bruno Latini Pfeil, Universidade Santa Úrsula

Psicólogo graduado pela Universidade Santa Úrsula (RJ). Mestrando em Filosofia pelo Prográma de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/UFRJ). Pós-graduação em andamento em Psicanálise e Relações de Gênero: Ética, Clínica e Política (FAUSP). Graduação em andamento em Antropologia pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Integrante do Núcleo de diversidade sexual e de gênero João W. Nery (USU/RJ). Co-fundador e integrante do conselho editorial da Revista Estudos Transviades. Organizador do livro "Corpos Transitórios: Narrativas Transmasculinas", publicado pela Editora Devires. (Texto informado pelo autor)

Cello Latini Pfeil, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando em Filosofia no programa de Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGF/UFRJ). Mestre em Filosofia pelo PPGF/UFRJ. Especialista em Teoria Psicanalítica Freud-Lacaniana (CEPCOP/USU). Bacharel em Ciências Sociais (UFRJ), com diploma Summa Cum Laude. Integrante da equipe editorial da Revista Estudos Libertários (UFRJ) e da Revista de Estudos Anarquistas e Decoloniais (UFRJ). Co-fundador e integrante do conselho editorial da Revista Estudos Transviades. Pesquisador do Coletivo de Pesquisas Decoloniais e Libertárias (CPDEL)/UFRJ. Atualmente é Professor Substituto do departamento de Ciência Política da UFRJ.

Nicolas Pustilnick Pires de Carvalho e Albuquerque, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Psicólogo formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Co-fundador e membro do conselho editorial da Revista Estudos Transviades. Especialização em andamento em "Atendimento das Diversidades Sexuais e de Gênero" pelo instituto IPPERG/FAUSP. Pesquisador pelo grupo BAFO! (Grupo de Estudos e Pesquisas em Currículo, Ética e Diferença). Colaborador do Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro (CRP-RJ) no eixo Gênero e Diversidade.

Références

ARÁN, M.; MURTA, D. Do diagnóstico de transtorno de identidade de gênero às redescrições da experiência da transexualidade: uma reflexão sobre gênero, tecnologia e saúde. Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 19, n. 1, p. 15-41, 2009.

BENTO, B. A Reinvenção do Corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual. Rio de Janeiro: Garamond, 2006.

BENTO, B.; PELÚCIO, L.. Despatologização do gênero: a politização das identidades abjetas. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 20, n. 2, p. 559-568, 2012.

BUTLER, J. (1988). Os atos performativos e a constituição do gênero: um ensaio sobre fenomenologia e teoria feminista. Tradução de Jamille Pinheiro Dias. Caderno de Leituras n. 78, Edições Chão da Feira, 2018.

BUTLER, J. Quadros de Guerra: quando a vida é passível de luto. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2015.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs, vol. 1. Rio de Janeiro: Editora v. 34, 1995.

GROSFOGUEL, R. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do longo século XVI. Revista Sociedade e Estado, v. 31, n. 1, 2016.

HALBERSTAM, J. A Arte queer do fracasso. Tradução de Bhuvi Libanio. Recife: CEPE Editora, 2020.

HARAWAY, D. Antropoceno, capitaloceno, plantationoceno, chthuluceno: fazendo parentes. Clima Com Cultura Científica, v. 3, n. 5, p. 139-146, 2016.

HARAWAY, Donna. Saberes Localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Tradução de Mariza Côrrea. São Paulo: Cadernos Pagu, 1995, p. 7-41.

HARAWAY, D.; KUNZRU, H. Manifesto Ciborgue: Ciência, tecnologia e feminismo-socialista no final do século XX. In: TADEU, T. (org). Antropologia do ciborgue: As vertigens do pós-humano. 2ª ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2009, p. 33-67.

JESUS, J. G.; ALVES, H. Feminismo transgênero e movimentos de mulheres transexuais. Revista Cronos, v. 11, n. 2, nov. 2012.

JESUS, J. G. Medicina: uma ciência Maligna? Debate psicopolítico sobre estereótipos e fatos. Revista Periódicus, Salvador, v. 1, n. 5, 2016.

KVELLER, D. B; NARDI, H. C. (2021). Metafísica generificada da escuta psicanalítica. In: STONA, J. (org). Relações de Gênero e Escutas Clínicas. Salvador: Editora Devires, 2021.

LAPOUJADE, D. Deleuze, os movimentos aberrantes. São Paulo: n-1, 2017a.

LAPOUJADE, D. Existências mínimas. Trad. Hortência Santos Lencastre. São Paulo: n-1, 2017b.

MOMBAÇA, J. O mundo é meu trauma. PISEAGRAMA, Belo Horizonte, n. 11, p. 20-25, 2017.

MEZAN, R. Problemas de uma história da psicanálise. In: BIRMAN, J. (org). Percursos na história da psicanálise. Rio de Janeiro: Taurus, 1988, p. 15-41.

PRECIADO, P. B. Eu sou o monstro que vos fala. Conferência congresso AMP: Mulheres em psicanálise, 2019. Disponível em: <https://sarawagneryork.medium.com/eu-sou-o-monstro-que-vos-fala-94dd10a366ef.>. Acesso em: 02/02/2023.

PRECIADO, P. B. Manifesto contrassexual. São Paulo: n-1 edições, 2014.

SANTOS, B. de S. Renovar a teoria crítica e reinventar a emancipação social. Trad. Mouzar Benedito. São Paulo: Boitempo, 2007.

STONA, J.; FERRARI, A. G. Gênero: da formação a não escuta do analista. In: STONA, J. (org). Relações de Gênero e Escutas Clínicas. Salvador: Editora Devires, 2021.

STRATHERN, M. Gênero de uma perna só. GIS, São Paulo, v. 3, n. 1, p. 363-378, 2018.

VERGUEIRO, V. Por inflexões decoloniais de corpos e identidades de gênero inconformes: uma análise autoetnográfica da cisgeneridade como normatividade. 2015, 243f. Dissertação (Mestre em Cultura e Sociedade) – Instituto de Humanidade, Artes e Ciências, Universidade Federal da Bahia, Salvador: 2015.

Téléchargements

Publié-e

2023-12-22

Numéro

Rubrique

Artigos