THE A ciência da Ayahuasca no contexto urbano
Entre psicanálise e perspectivismo
Mots-clés :
Ayahuasca, Psicanálise, Pragmatismo pulsional, Perspectivismo AmeríndioRésumé
A Ayahuasca é uma bebida psicoativa utilizada originalmente pelos indígenas da região amazônica. Tornou-se conhecida pelo uso não-indígena realizado principalmente por três grupos religiosos: Santo Daime, União do Vegetal e Barquinha. O hibridismo ayahuasqueiro revela uma série de fluxos históricos em torno da bebida, que enceta desde processos de transformação pessoal até novas maneiras de compreender a natureza e tudo o que nela habita. O presente artigo, tem como objetivo analisar a transmissão de saberes da ayahuasca no contexto urbano, levando em consideração seu caráter científico, que, diferente do proposto pela ciência do século XIX, cria diferentes fluxos e conexões. Tomamos como ponto de partida, o contexto originário da ayahuasca, permeado pelo perspectivismo ameríndio, onde humanos e não humanos estão conectados por diferentes mundos e perspectivas. Nos contextos em que é utilizada, o fundo antropofágico da ayahuasca permite que esta possa se hibridizar com o contexto não-indígena, cristão e urbano. Assim, no presente contexto analisamos as proximidades entre o saber de si, presente no uso ritual da ayahuasca, como experiência visionária, e o saber do inconsciente, particularmente presente na experiência onírica, tal como estudada pela psicanálise. Dessa forma, a ayahuasca se apresenta próxima à uma ciência da vida, bem como do conceito de pulsão, como uma prática imanente além das dicotomias propostas pela ciência moderna, possibilitando ao sujeito animar, dar vida ao seu mundo, gerando múltiplos processos de subjetivação.
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