Percurso de Homens Autores de Violência Doméstica em Círculos Reflexivos no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás

Autores

Palavras-chave:

Psicologia, Violência doméstica, Homens autores de violência

Resumo

Este trabalho é resultado de observação participante em Círculos Reflexivos com Autores de Violência Doméstica promovidos pela Justiça Restaurativa, no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. O objetivo foi estudar o percurso individual realizado pelos participantes nos Círculos Reflexivos, para observar em que medida a condução da intervenção promovida pelos mediadores facilita ou dificulta esse processo. Foram observados dez círculos, entre os meses de março e outubro de 2019, sendo feita inicialmente uma transcrição sistemática e sintetizada da observação realizada e das falas dos participantes e destes sete foram selecionados para análise. A partir desse material, foram encontradas e analisadas categorias a respeito do percurso dos indivíduos nos círculos, do método utilizado e seus aspectos facilitadores e dificultadores. Concluiu-se que os círculos podem promover reflexão para os participantes, mas ainda existe resistência por parte destes.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografias Autor

Humberto Álvares Polveiro, Pontifícia Universidade de Goiás

Psicólogo. Graduado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com ênfase em Processos Psicossociais e sub-ênfase em Psicologia Social, ganhando o prêmio de Mérito Acadêmico summa cum laude. Durante a graduação fez parte do Grupo de Estudos e Pesquisa em Gênero, Esporte e Mídia (GEPGEM) durante 2 anos, orientado pela Prof. Dra. Adriana Bernardes Pereira, com a qual também realizou o trabalho de iniciação científica intitulado "Masculinidade na Mídia", apresentado no V Congresso de Ciência e Tecnologia da PUC Goiás. Fez estágio final na Justiça Terapêutica do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás durante um ano, realizando atendimentos individuais e em Círculos Reflexivos. Atualmente, cursa especialização em Psicologia Jurídica pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Orcid-ID:  https://orcid.org/0000-0002-8825-6320. E-mail: humbertopolveiro1@gmail.com.

Rosana Carneiro Tavares, Pontifícia Universidade Católica de Goiás

Psicóloga. Doutorado em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC Goiás). Mestrado em Psicologia e Especializaçãoem Saúde Mental pela PUC Goiás, e em Políticas Públicas pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Professora da PUC Goiás (Escola de Ciências Sociais e da Saúde - Curso de Psicologia). Professora nos Programas de Pós-Graduação Stricto-Sensu em Psicologia e PSS em Serviço Social da PUC Goiás. Assessora vinculada à Pró-Reitoria de Extensão e Apoio Estudantil da PUC Goiás. Psicóloga concursada da Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, atuando na atenção à saúde mental e referente distrital de saúde. Atua na área de Psicologia Social, Saúde Coletiva e Políticas Públicas, com ênfase em processos grupais e saúde mental/Atenção Psicossocial. Membro do GT de Psicologia Sócio-Histórica da ANPEPP. Trabalha principalmente com as temáticas da adolescência, dialética inclusão/exclusão social, Teoria Sócio Histórica, saúde coletiva, saúde mental e reforma psiquiátrica. Membro do Grupo de Pesquisa da Infância, Família e Sociedade (GIFS), desenvolve pesquisa no campo das políticas públicas; dos direitos sociais; da infância e adolescência; e da saúde mental. Orcid-ID: https://orcid.org/0000-0001-7127-4082. E-mail: rosana.carneirotavares@gmail.com; rotavares@pucgoias.edu.br.

Referências

AGUIAR, L. H. M. D. Gênero e masculinidades: Follow-up de uma intervenção com homens autores de violência conjugal. 2009. 164 p. Dissertação (Pós-graduação em Psicologia Clínica e Cultura) – Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília, Brasília, 2009.

BANDEIRA, B. Cresce o número de processos de feminicídio e de violência doméstica em 2018. Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Brasil, Mar. 2019. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/cresce-numero-de-processos-de-feminicidio-e-de-violencia-domestica-em-2018/. Acesso em: 02 mar. 2023.

BEIRAS, A.; BRONZ, A. Metodologia de grupos reflexivos de gênero. Instituto Noos, Rio de Janeiro, p. 45, set. 2016.

BEIRAS, A.; NASCIMENTO, M.; INCROCCI, C. Programas de atenção a homens autores de violência contra as mulheres: um panorama das intervenções no Brasil. Saúde e Sociedade, São Paulo, v. 28, n. 1, p. 262-274, jan./mar. 2019.

BILLAND, J., & PAIVA, V. S. F. Desconstruindo expectativas de gênero a partir de uma posição minoritária: como dialogar com homens autores de violência contra mulheres?. Ciência & Saúde Coletiva, [Rio de Janeiro], v. 22, n. 9, p. 2979-2988, set. 2017.

BORGES, C. M. R.; RAZERA, B. A. A. Análise crítica da possibilidade de implementação normativa da justiça restaurativa no Brasil. Revista Brasileira de Ciências Criminais, [São Paulo], v. 173, p. 279-315, nov. 2020.

BOYES-WATSON, C.; PRANIS, K. (org.). No coração da esperança: guia de práticas circulares: o uso de círculos de construção da paz para desenvolver a inteligência emocional, promover a cura e construir relacionamentos saudáveis. Centro de Justiça Restaurativa da Suffolk University. Trad. Fátima De Bastiani. Porto Alegre: Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul, Departamento de Artes Gráficas, 2011, 280 p.

BRASIL. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº 10.593, de 2018. Institui o Programa Tempo de Despertar, que dispõe sobre a reflexão, conscientização e responsabilização dos autores de violência doméstica e grupos reflexivos de homens. Disponível em de https://www.camara.leg.br/proposicoesWeb/prop_mostrarintegra;jsessionid=D6D0280CF9A18D37FC8252D7B1F5DF43.proposicoesWebExterno1?codteor=1679898&filename=Avulso+-PL+10593/2018. Acesso em: 28 fev. 2023.

BRASIL. Lei nº 13.104, de 09 de março de 2015. Altera o art. 121 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, para prever o feminicídio como circunstância qualificadora do crime de homicídio, e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990, para incluir o feminicídio no rol dos crimes hediondos. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 09 de março de 2015. Disponível em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13104.htm. Acesso em: 28 fev. 2023.

BRASIL. Lei 11.340, de 7 de agosto de 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 06 de agosto de 2006. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 28 fev. 2023.

BRASILINO, J. Relações conjugais violentas: processos de subjetivação e suas várias dobras. In: SPINK, M. J. P.; FIGUEIREDO, P; BRASILINO, J. (org.). Psicologia social e pessoalidade. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2011, p. 76-88.

CHIZZOTTI, A. Pesquisa em ciências humanas e sociais. 12. ed. São Paulo: Cortez editora, 2018. 164 p.

CONNELL, R. W.; MESSERSCHMIDT, J. W. Masculinidade hegemônica: repensando o conceito. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 21, n. 1, p. 241-282, jan./abr. 2013.

DE CAMPOS, C. H. Feminicídio no Brasil: uma análise crítico-feminista. Sistema Penal & Violência, Porto Alegre, v. 7, n. 1, p. 103-115, jan./jun. 2015.

DAY, V. P.; TELLES, L. D. B.; ZORATTO, P. H.; AZAMBUJA, M. D.; MACHADO, D. A; SILVEIRA, M. B.; BLANK, P. Violência doméstica e suas diferentes manifestações. Revista de psiquiatria do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, v. 25, n. 1, p. 9-21, abr. 2003.

FONSECA, D. H; RIBEIRO, C. G.; BARBOSA, N. S. Violência doméstica contra a mulher: realidades e representações sociais. Psicologia & Sociedade, v. 24, n. 2, p. 307-314, ago. 2012.

GODOY, A. S. Introdução à pesquisa qualitativa e suas possibilidades. Revista de administração de empresas, São Paulo, v. 35, n. 2, p. 57-63, mar./abr. 1995.

GONÇALVES, H. S.; BRANDÃO, E. P. Psicologia jurídica no Brasil. 3. Ed. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2018. 355 p.

LEAL, L. M. Psicologia jurídica: história, ramificações e áreas de atuação. Diversa, Belo Horizonte, v. 1, n. 2, p. 171-185, jul./dez. 2008.

LIMA, D. C.; BÜCHELE, F. Revisão crítica sobre o atendimento a homens autores de violência doméstica e familiar contra as mulheres. Physis: Revista de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 21, n. 2, p. 721-743, abr./jun. 2011.

LAGO, V. M.; AMATO, P.; TEIXEIRA, P. A.; ROVINSKI, S. L. R.; BANDEIRA, D. R. Um breve histórico da psicologia jurídica no Brasil e seus campos de atuação. Estudos de Psicologia, Campinas, v. 26, n. 4, p. 483-491, out./dez. 2009.

MARTINS, S. T. F. Psicologia social e processo grupal: a coerência entre fazer, pensar sentir em Sílvia Lane. Psicologia & Sociedade, v. 19, n. Psicol. Soc., 2007. p. 76–80, 2007.

MEDRADO, B.; MÉLLO, R. P. Posicionamentos críticos e éticos sobre a violência contra as mulheres. Psicologia & sociedade, v. 20, p. 78-86, 2008. Edição especial.

PORTO, R. T. C. A implementação das práticas restaurativas na prevenção ao feminicídio enquanto política pública para os homens autores de violência de gênero no Brasil. 2016. 240 p. Tese (Doutorado em Direito) – Universidade de Santa Cruz do Sul, Santa Cruz do Sul, 2016.

RADFORD, J.; RUSSELL, D. E; (ed.). Femicide: the politics of woman killing. New York: Twayne Publishers, 1992. 381 p.

SAFFIOTI, H. I. B. Gênero, patriarcado, violência. 1. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004. 158 p.

SÃO PAULO (SP). Lei Municipal Nº 16.732, de 1 de novembro de 2017. Institui o Programa Tempo de Despertar, que dispõe sobre a reflexão, conscientização e responsabilização dos autores de violência doméstica e grupos reflexivos de homens, e dá outras providências. São Paulo: Prefeitura Municipal de São Paulo, 2017. Disponível em: http://documentacao.saopaulo.sp.leg.br/iah/fulltext/leis/L16732.pdf. Acesso em: 28 fev. 2023.

SCOTT, J. B.; DE OLIVEIRA, I. F. Perfil de homens autores de violência contra a mulher: uma análise documental. Revista de Psicologia da IMED, Passo Fundo, v. 10, n. 2, p. 71-88, jul./dez. 2018

SEMINÁRIO DE JUSTIÇA RESTAURATIVA, 2019, Brasília. Mapeamento dos Programas de Justiça Restaurativa. Brasília: CNJ, 2019. 52p. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/wpcontent/uploads/conteudo/arquivo/2019/06/8e6cf55c06c5593974bfb8803a8697f3.pdf. Acesso em: 02 mar. 2023

ZEHR, Howard. Trocando as lentes: um novo foco sobre o crime e a justiça. Tradução: Tônia VanAcker. São Paulo: Palas Athena, 2008. p. 167-202.

##submission.downloads##

Publicado

2023-04-28

Edição

Secção

Artigos