A disciplina pela forma

In: LIMA, Roberto Kant de. A antropologia da academia: quando os índios somos nós

Autores/as

  • Roberto Kant de Lima

Resumen

É com grande satisfação que a Revista Campo Minado republica o texto "A disciplina pela forma", terceiro capítulo da obra "A antropologia da academia: quando os índios somos nós", do antropólogo Roberto Kant de Lima. Publicado originalmente em 1985, este texto completa, por ocasião da publicação da presente edição, quarenta anos de sua primeira aparição, mantendo-se, ainda hoje, de uma relevância ímpar para a compreensão das dinâmicas acadêmicas, das interações sociais que as permeiam, e sobre a produção de conhecimento na área das ciências sociais.

A republicação deste trabalho adquire um significado ainda mais profundo diante do recente falecimento do professor Roberto Kant de Lima, ocorrido em maio de 2025. Sua partida representa uma perda inestimável para a antropologia, mas seu legado, perpetuado por meio de obras como esta, continua a inspirar e a provocar reflexões críticas sobre o fazer antropológico e a própria sociedade.

"A disciplina pela forma" oferece uma análise perspicaz sobre as experiências do autor em um ambiente acadêmico estrangeiro, realizando etnografia contrastiva entre os Estados Unidos e o Brasil. O texto explora como as normas de redação e as expectativas de comunicação acadêmica nos EUA, com sua ênfase na clareza, objetividade e estrutura formal (como a 'topic sentence' e a necessidade de exemplos concretos), contrastam com as práticas brasileiras. Essa análise aprofundada das 'disciplinas da forma' revela não apenas distinções estilísticas, mas também diferentes concepções de letramento e de produção de conhecimento. Kant de Lima nos convida a refletir sobre como essas 'formas' de escrita moldam o pensamento, a comunicação e até mesmo a percepção da realidade, evidenciando o impacto cultural e social das práticas de letramento acadêmico. Ao revisitar este ensaio, somos convidados a refletir sobre as permanências e transformações nas instituições de ensino e pesquisa, bem como sobre a construção do conhecimento e a formação de identidades no campo acadêmico. A leitura deste texto, quarenta anos após sua concepção e no ano em que nos despedimos de seu brilhante autor, é um convite à imersão em um pensamento que transcende o tempo e as fronteiras, enriquecendo o debate antropológico contemporâneo.

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Publicado

2025-08-14