Entre palavras e poder, reflexões autoetnográficas sobre letramento e glotopolítica

Autori

  • Adriana dos Santos da Silva

Abstract

Este ensaio pretende mobilizar a autoetnografia como ferramenta analítica para investigar as tensões entre as práticas de letramento herdadas no contexto familiar e as exigências normativas do espaço acadêmico. A partir de uma trajetória marcada por
classe, deficiência e território, examino como o modelo hegemônico de letramento, conforme discutido por Kleiman (1995) e Zavala (2021), opera como dispositivo de exclusão simbólica e epistemológica. Dialogando com autores como Severo (2019) e
Guespin e Marcellesi (2021), argumento que a imposição da norma culta nas instituições de ensino configura um processo de apagamento cultural, cujo impacto se apresenta não apenas nas práticas linguísticas silenciadas, mas também nas trajetórias de sujeitos subalternizados. O ensaio também pretende tensionar o capacitismo estrutural presente no meio universitário, explorando as barreiras enfrentadas no acesso ao letramento digital e às tecnologias assistivas após a perda da visão em 2020. Como propõem Becker e Anselmo (2020), o problema não reside na deficiência, mas nas estruturas educativas que perpetuam a exclusão por meio da ineficiência das políticas de acessibilidade e da formação docente descolada da diversidade. Ao articular experiências individuais com dados sobre evasão e desigualdade, considero que a escrita, mesmo tensionada pelas normativas institucionais, pode funcionar como campo de elaboração crítica e resistência, onde práticas linguísticas ancestrais e familiares reivindicam legitimidade.
Palavras-chave, letramento acadêmico; autoetnografia; glotopolítica; apagamento cultural

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Pubblicato

2025-08-14