"Mil e uma noites", "Arábia". Vozes de narradores, sons ambientes, silêncios, crise, trabalhismo
Palavras-chave:
Som, vozes, silêncios, crise, trabalhismoResumo
A trilogia de longas-metragens intitulada As mil e uma noites, do diretor português Miguel Gomes e o longa-metragem brasileiro Arábia, dirigido por Afonso Uchoa e João Dumans, trazem uma série de afinidades. Entender tais semelhanças é o nosso objetivo inicial. Ambos se inserem em um conjunto maior de filmes contemporâneos que utilizam em suas narrativas vozes de narradores marcantes, momentos de silêncios de importância evidente, e relações interessantes entre tais vozes, silêncios e os sons ambientes. Pretendemos demonstrar que tais obras propõem representações relevantes de crises do capitalismo contemporâneo e da classe dos trabalhadores, em um momento histórico de precarização e de perdas de direitos. É nossa intenção, ainda, demonstrar como os elementos sonoros citados acima são centrais para a construção de tais representações. Sobre As mil e uma noites (2015), propomos analisar a multiplicidade de vozes presentes na adaptação cinematográfica da coletânea célebre de contos. Em Arábia (2017), um trabalhador que sofreu um acidente no exercício de sua profissão se transforma em um narrador improvável, que se confessa pouco letrado, mas cujas palavras seguiremos. Para além das relações entre as vozes e as imagens em tais obras, perguntamos: como
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