Produtos, criação e consumo midiático para crianças e jovens na cultura digital
Prazo de submissão: 26 de abril de 2023
Estimativa de publicação: julho/agosto de 2023
Editoras convidadas: Ariane Holzbach (PPGCOM/UFF, Brasil), Gabriela Borges (Universidade do Algarve, Portugal) e Yamile Sandoval (Rede Alfamed;Talentum Line Unidad de Innovación Educativa, Colômbia)
Vivemos um fenômeno sociocultural evidente, mas ainda pouco compreendido: as crianças e jovens nunca consumiram tantos produtos midiáticos direcionados (ou não) para eles como atualmente. O interesse crescente por videogames, séries, livros, desenhos animados, filmes e toda a sorte de produtos midiáticos cada vez mais tem chamado atenção do mercado global, que de várias maneiras tem se dedicado às produções cuidadosamente pensadas para esse público.
De um lado, crianças e jovens hoje consomem com alto grau de autonomia em relação aos filtros tradicionais que orbitam suas práticas, como pais, escolas, igreja e o Estado, motivando profundas reconfigurações no circuito comunicativo dos produtos que lhes interessam. Mais do que consumidoras, as crianças e jovens instituem novas relações com os produtos midiáticos, incluindo a possibilidade de elas mesmas serem detentoras dos saberes e modos de produção de parte dos produtos que consomem, o que reflete nas relações sociais, culturais, políticas, econômicas e de ensino e aprendizagem, que passam a ter em conta as suas práticas e necessidades. De outro lado, a cultura midiática tem desenvolvido um enorme número de estratégias para captar o interesse das crianças e jovens de uma maneira muito mais extrema do que se viu em séculos anteriores. Isso pode ser percebido nos cinemas (com filmes de super-herói, de princesas e de animais antropomórficos que dialogam diretamente com esse público), nos restaurantes (repletos de “espaços kids” e “pratos infantis”), nas salas de aula (que nunca foram tão cheias de recursos audiovisuais), nas bibliotecas (cada vez mais pensadas para atrair jovens leitores), na internet (vídeos, jogos, séries) e em muitos outros espaços por onde resvalam novas articulações entre crianças, jovens, produtos midiáticos e sociedade. Porém, percebe-se pouco investimento em termos de uma formação que estimule uma atitude crítica e reflexiva em relação a esta vasta oferta que está disponível para o consumo de modo permanente.
O dossiê tem como objetivo pensar nas articulações entre esses e outros fenômenos que transitam na relação entre bebês, crianças, adolescentes e jovens e os produtos midiáticos, tanto no que diz respeito ao que é produzido especificamente para esse público quanto nos consumos tangenciais de produtos elaborados para o universo adulto, mas que, por diversas razões, estão presentes na sua prática eventual e cotidiana. O dossiê incentiva artigos de diversas abordagens teóricas e metodológicas que abarquem questões sociais, culturais, históricas, políticas, econômicas e geopolíticas, entre outras, em diálogo abrangente e complexo em torno dos produtos midiáticos e na maneira como eles se relacionam com o público lido socialmente como infanto e infanto-juvenil. Entre os tópicos a serem contemplados, destacamos, entre outros:
- ficção seriada para crianças e adolescentes (novelinhas, séries, minisséries etc.)
- desenhos animados
- filmes para crianças e jovens
- literatura infantil e infanto-juvenil
- games
- jogos de tabuleiro
- universo artístico infantil e infantojuvenil
- álbuns musicais
- shows ao vivo
- plataformas de streaming em articulação com o universo infantil e infantojuvenil
- influenciadores digitais mirins e adultos que produzem conteúdo para crianças
- literacia midiática e digital de crianças e jovens
Ariane Holzbach – Docente de Estudos de Mídia e do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal Fluminese - Brasil
Gabriela Borges – Docente da Escola Superior de Educação e Comunicação Universidade do Algarve – Portugal
Yamile Sandoval – Diretora Rede Alfamed Colombia e diretora Talentum Line Unidad de Innovación Educativa – Colômbia
