O crime como estratégia de comunicação no romance policial: uma leitura psicanalítica

Autores

  • Sophie Mijolla-Mellor

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i18.345

Resumo

O presente artigo trata de urna elaboração psicanalítica sobre o prazer com o crime em romances policiais e sua utilização como estratégia de comunicação com o leitor. O próprio Freud foi um consumidor assíduo desse tipo de literatura. Esse intenso interesse se apresenta como urna condição sublimatória do prazer criminal pelo leitor, enquanto derivação dos destinos pulsionais, associado pela via identificatória. A identificação se dá inconscientemente, ora com o assassino visto como herói trágico, ora com a vitima impotente diante da suposta potência narcísica do criminoso. A relação do matador em série com sua vítima, retratada em romances de enigma, é recobrada pelo leitor na reconstituição de sua identidade através do script proposto na narrativa. Quanto à identidade do criminoso em série, por sua vez, ela se forma por ricochete, se desvelando e se retraindo, ao passo que ele depende da reedição de seu ato e da reconstrução de seu perfil pelo outro (romancista, investigador, legista, imprensa, etc.) para se reconhecer e ser conhecido enquanto sujeito. Então, a potencialidade narcísica demonstrada na frieza do assassino está subordinada a uma alienação passional associada à repetição do ato mortífero.

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Publicado

2008-06-19