A Fábrica de Monstros: performances da masculinidade em entrevistas com Léo Stronda

Autores

  • Igor Sacramento Fundação Oswaldo Cruz/Universidade Federal do Rio de Janeiro https://orcid.org/0000-0003-1509-4778
  • Danielle Ramos Brasiliense Universidade Federal Fluminense
  • Julio Cesar Sanches Universidade Federal do Rio de Janeiro

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v0i0.38416

Palavras-chave:

Corpo, Identidade, Masculinidade

Resumo

Nos últimos anos, percebemos o uso frequente de palavras como “monstro” e “monstrão” como qualificadores de corpos masculinos musculosos, mas também como vetores da identificação da virilidade como valor pelo bodybuilding. Neste texto, analisaremos esses discursos por meio de entrevistas com Léo Stronda, cujas performances da masculinidade consistem nos modos de afirmação de um projeto identitário centrado na revaloração da monstruosidade. Nossa análise consistirá em duas etapas. Na primeira, abordaremos os modos como Léo Stronda se identifica como monstro, reelaborando seu passado e projetando um futuro, o que o permite afirmar uma autoridade por meio da conquista do corpo-monstro. Em seguida, tratamos dos comentários aos vídeos e do reconhecimento do youtuber como modelo e guru do "ser monstro". Concluímos que a associação entre masculinidade e monstruosidade em um sentido positivo contribui para a construção da virilidade pela brutalidade e preocupação com a aparência, o que configura a forma corporal como parte de um estilo de vida.

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Biografia do Autor

Igor Sacramento, Fundação Oswaldo Cruz/Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutor em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura da UFRJ e do Programa de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúde da Fiocruz.

Danielle Ramos Brasiliense, Universidade Federal Fluminense

Doutora em Comunicação e Cultura pela UFRJ e professora do Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades da UFF.'

Julio Cesar Sanches, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Doutorando em Comunicação e Cultura pela UFRJ.

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Publicado

2020-08-26 — Atualizado em 2021-03-07

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