A normalização do golpe: o esvaziamento da política na cobertura jornalística do “impeachment” de Dilma Rousseff

Autores/as

  • Kelly Prudencio Universidade Federal do Paraná
  • Carla Rizzotto Universidade Federal do Paraná
  • Rafael Cardoso Sampaio Universidade Federal do Paraná

DOI:

https://doi.org/10.22409/contracampo.v37i2.17625

Palabras clave:

Golpe, impeachment, enquadramento multimodal, Dilma Rousseff, jornalismo.

Resumen

O artigo apresenta resultados de uma pesquisa sobre a cobertura jornalística do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, entre dezembro de 2015, quando foi aberto o processo na Câmara dos Deputados, e agosto de 2016, quando ela foi afastada definitivamente pelo Senado Federal. Foram analisadas 2.202 notícias publicadas pelos jornais O Globo, Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo pela perspectiva metodológica do enquadramento multimodal, que considera os aspectos textuais, visuais e narrativos das notícias. Os dados permitem verificar que houve uma orientação editorial ligeiramente superior para uma posição pró-impeachment, mas isso só pode ser afirmado na junção dos três modos do enquadramento, uma vez que o texto das notícias seguiu o padrão de cobertura pragmática. Argumentamos que esse padrão acabou por normalizar o impeachment como processo legítimo, despolitizando-o e apagando os aspectos que o evidenciam como golpe parlamentar.

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Biografía del autor/a

Kelly Prudencio, Universidade Federal do Paraná

Doutora em Sociologia Política pela UFSC. Professora do Departamento de Comunicação da UFPR. Coordenadora do COMPA, Grupo de Pesquisa em Comunicação e Participação Política.

Carla Rizzotto, Universidade Federal do Paraná

Doutora em Comunicação e Linguagens pela UTP-PR. Professora do Departamento de Comunicação da UFPR. Membro do COMPA, Grupo de Pesquisa em Comunicação e Participação Política.

Rafael Cardoso Sampaio, Universidade Federal do Paraná

Doutor em Comunicação e Cultura pela UFBA. Professor do Departamento de Ciência Política da UFPR. Coordenador do COMPA, Grupo de Pesquisa em Comunicação e Participação Política.

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Publicado

2018-08-28