A CRÍTICA DE HUSSERL AO POSITIVISMO
DOI:
https://doi.org/10.22409/enfil.v1i1.40466Parole chiave:
Educação, Filosofia, História, Ciências Sociais, Educação PopularAbstract
Um olhar panorâmico sobre a obra de Husserl permite-nos notar que a intenção primária que move e articula o seu projeto filosófico é a de constituir a filosofia como uma “Ciência de Rigor”. O ideal husserliano exprime-se pela determinação em dar uma fundamentação rigorosa à Filosofia e, através dela, a todas as demais ciências, preservando, com isso, a pretensão de universalidade da investigação filosófica. Neste sentido, pode-se dizer que, ao anunciar o seu projeto filosófico, tomado por sua ânsia de rigor absoluto, Husserl estava convencido de que a fundamentação da Filosofia deveria implicar necessariamente em uma plena racionalidade da mesma, em uma clarificação do sentido íntimo das coisas por meio de uma “reflexão radical” que daria consistência racional à própria Filosofia. Husserl não se contentaria, a partir de então, com coisa alguma que não se revelasse à consciência como um dado absolutamente evidente (para usar uma expressão sua, que não se revelasse “em pessoa”), mantendo-se, com isso, fiel ao propósito de garantir não o rigor ao modo das ciências ditas “positivas”, mas sim, o rigor necessário para a fundamentação do saber filosófico a partir do que é suscetível de ser conhecido de modo originário, uma vez que a explicação empírica não poderia, apoiada na observação sistematizada e na descrição da regularidade dos fatos naturais, servir de fundamento último para este saber. Husserl partiria, então, da ideia de que para fazer da filosofia uma “ciência rigorosa”, para construir uma filosofia livre de todas as divergências, seria necessário alicerçar a filosofia sob bases sólidas, isto é, apoiá-la em evidências indubitáveis. De certo modo, fora já este o ideal de Descartes no século XVII: o de não admitir coisa alguma como verdadeira sem conhecê-la evidentemente como tal. O fim e o impulso do projeto filosófico husserliano encontram-se, portanto, intimamente determinados pela filosofia cartesiana, o que faz da fenomenologia uma espécie de “herdeira da modernidade” em pleno século XX.
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Riferimenti bibliografici
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