A Caatinga nos documentos coloniais

preconceito geográfico no sertão baiano

Autores/as

  • Andreia Bonfim da Silva Universidade do Estado da Bahia
  • Jamille da Silva Lima-Payayá Universidade Estadual de Campinas
  • Douglas Vitto Universidade Estadual de Londrina

Palabras clave:

Colonialidade, Geograficidade, Historicidade, Geografia Humanista

Resumen

A Caatinga tem sido, ao longo da história, estereotipada como algo ruim e seco. A imagem da Caatinga reduzida ao chão rachado, aos esqueletos de gado e ao sol escaldante tem raízes na colonização, que produziu preconceitos geográficos em relação à região, buscando justificar o sangramento da terra, a exploração dos recursos naturais e a expulsão dos povos originários. Desse modo, a pesquisa objetiva compreender a maneira como a Caatinga é retratada nos documentos coloniais, tensionando o sentido da Mesmidade colonial pela geograficidade e pela historicidade. Analisamos os Documentos Manuscritos Avulsos da Capitania da Bahia entre os anos (1604-1828), contidos no Projeto Resgate e pertencentes ao Arquivo Histórico Ultramarino (AHU) de Lisboa, contendo referências à Caatinga. Desse modo, foi utilizado da paleografia para traduzir e transcrever as cartas coloniais, buscando identificar a negação da geograficidade e o preconceito geográfico nas representações da Caatinga.

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Citas

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Publicado

2025-01-29

Cómo citar

Silva, A. B. da, Lima-Payayá, J. da S., & Vitto, D. (2025). A Caatinga nos documentos coloniais: preconceito geográfico no sertão baiano. Geograficidade, 14(2). Recuperado a partir de https://periodicos.uff.br/geograficidade/article/view/66396

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