O curso de Geografia Física de Immanuel Kant (1724-1804): uma contribuição para a história e a epistemologia da ciência geográfica
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2008.v10i19.a13554Palavras-chave:
Palavras-chave, História e Epistemologia da Geografia, Geografia Física, Cosmologia, Filosofia Transcendental Kantiana, Natureza.Resumo
Resumo: Há um relativo depauperamento no tocante ao nosso conhecimento a respeito da relação entre a filosofia kantiana e a constituição da geografia moderna e, conseqüentemente, científica. Esta relação, quando abordada, o é - vezes sem conta - de modo oblíquo ou tangencial, isto é, ela resta quase que exclusivamente confinada ao ato de noticiar que Kant ofereceu, por aproximadamente quatro décadas, cursos de Geografia Física em Königsberg, ou que ele foi o primeiro filósofo a inserir esta disciplina na Universidade, antes mesmo da criação da cátedra de Geografia em Berlim, em 1820, por Karl Ritter. Não ultrapassar a pueril divulgação deste ato em si mesma só nos faz jogar uma cortina sobre a ausência de um discernimento maior acerca do tributo de Kant à
fundamentação epistêmica da geografia moderna e científica. Abrir uma
frincha nesta cortina denota, necessariamente, elucidar o papel e o lugar
do “Curso de Geografia Física” no corpus da filosofia transcendental kantiana. Assim sendo, partimos da conjectura de que a “Geografia Física” continuamente se mostrou, a Kant, como um conhecimento portador de um desmedido sentido filosófico, já que ela lhe denotava a própria possibilidade de empiricização de sua filosofia. Logo, a Geografia Física seria, para Kant, o embasamento empírico de suas reflexões filosóficas, pois ela lhe comunicava a empiricidade da invenção do mundo; ela lhe outorgava a construção metafísica da “superfície da Terra”. Destarte, da mesma maneira que a Geografia, em sua superfície geral, conferiu uma espécie de atributo científico à validação do empírico da Modernidade (desde os idos do século XVI), a Geografia Física apresentou-se como o sustentáculo empírico da reflexão filosófica kantiana acerca da “metafísica da natureza” e da “metafísica do mundo”.
THE COURSE OF PHYSICAL GEOGRAPHY OF IMMANUEL KANT
(1724-1804): CONTRIBUTION FOR THE GEOGRAPHICAL
SCIENCE HISTORY AND EPISTEMOLOGY
Abstract: There is a relative weakness about our knowledge concerning
Kant philosophy and the constitution of modern geography and,
consequently, scientific geography. That relation, whenever studied,
happens – several times – in an oblique or tangential way, what means that
it lies almost exclusively confined in the act of notifying that Kant offered,
for approximately four decades, “Physical Geography” courses in
Konigsberg, or that he was the first philosopher teaching the subject at any
College, even before the creation of Geography chair in Berlin, in 1820, by
Karl Ritter. Not overcoming the early spread of that act itself only made us
throw a curtain over the absence of a major understanding about Kant’s
tribute to epistemic justification of modern and scientific geography. To
open a breach in this curtain indicates, necessarily, to lighten the role and
place of Physical Geography Course inside Kantian transcendental
philosophy. So, we began from the conjecture that Physical Geography has
always shown, by Kant, as a knowledge carrier of an unmeasured
philosophic sense, once it showed the possibility of empiricization of his
philosophy. Therefore, a Physical Geography would be, for Kant, the
empirics basis of his philosophic thoughts, because it communicates the
empiria of the world invention; it has made him to build metaphysically the
“Earth’s surface”. In the same way, Geography, in its general surface, has
given a particular tribute to the empiric validation of Modernity (since the
16th century), Physical Geography introduced itself as an empiric basis to
Kantian philosophical reflection about “nature’s metaphysics” and the
“world metaphysics” as well.
Keywords: History and Epistemology of Geography, Physical Geography,
Cosmology, Kantian Transcendental Philosophy, Nature.
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