Sobre a interpretação da natureza [Über Naturschilderung]

Autores

  • Friedrich Ratzel

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2010.v12i23.a13596

Resumo

PREFÁCIO [Vorwort]

Dedico este pequeno livro a todos os amigos da natureza, especialmente àqueles que, como professores de geografia, de história natural ou de história, buscam despertar em seus alunos os sentidos da grandeza e da beleza do mundo. Já será muito, se ele apenas puder servir de estímulo e guia para o tesouro das impressões revigorantes e gratificantes que se assentam no lado artístico da geografia. Os relatos das descrições de viagens, países e etnias já foram muito explorados pelos livros de geografia, como também pelas “ilustrações características” [Charakterbildern] etc., mas na maioria das vezes apenas se reeditaram aquelas mesmas imagens mais populares. Para refletir e sentir as imagens da natureza e para reproduzi-las em sala de aula, faz-se necessário recorrer às obras de nossos poetas e artistas; elas reproduzem as impressões da natureza de forma mais imediata, mais intensa e muitas vezes mais profunda. Mas digo isso apenas porque, ao inspirar os poetas e os artistas na criação de novas representações da natureza, ao provocar belas e sublimes ideias, também sua obra nos incentiva a desvendar o sentido da natureza. A ciência não é suficiente para entender a linguagem da natureza. Para muitas pessoas, a poesia e a arte são intérpretes mais compreensíveis da natureza do que a ciência. E o professor que apela para o sentimento, pode aproximar seus alunos às grandezas da natureza proporcionando-lhes relacionamentos mais vibrantes, mais dinâmicos com elas.

Não se encontra, no esforço que originou este livro, um ponto comum em atender ao apelo para uma educação escolar que incentiva a compreensão da arte? O sentido dessa educação, porém, eu só posso compreender quando se considera as seguintes condições: precisa-se alcançar a natureza através da arte, deve-se enxergar através do aprender, necessita-se sentir a emoção através da recriação, da vivência própria.  Assim entendido, é uma bela ideia que o inverno de um iluminismo meramente racionalizante da ciência natural poderia ser expulso por uma primavera ensolarada de uma alegria da natureza e de uma aproximação amical com ela. Nesta primavera, a coroa floral de um viver corporal e sentimental, e de um pensar, poderia ser trançada. Denominamos esta primavera a fruição da natureza, e ela poderia ser trançada por cada vez mais pessoas em todos os países e em todos os dias, ampliando sempre os conhecimentos; e para isso, o ensino da geografia deveria contribuir, apesar de sua má fama de ser árido!

Leipzig, 20 de Julho de 1904.

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Publicado

2011-05-17

Como Citar

RATZEL, F. Sobre a interpretação da natureza [Über Naturschilderung]. GEOgraphia, v. 12, n. 23, p. 157-176, 17 maio 2011.

Edição

Seção

Artigo - Nossos Clássicos