PENSANDO GEOGRAFICAMENTE: O CAPITALISMO GLOBALIZANTE E ALÉM
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2020.v22i48.a43101Resumo
Resumo: No espírito de fortalecer seus fundamentos intelectuais e esclarecer suas contribuições para dar sentido ao mundo, devemos resistir a qualquer inclinação a tratar a geografia como um clube — uma disciplina com fronteiras a serem policiadas e defendidas. Advogo pelas forças de se pensar geograficamente, uma maneira de ser no mundo aberta a todos. Isso significa lidar com a geografia da produção de conhecimento; com como as espaço-temporalidades moldam e são moldadas por processos socionaturais; com o mundo mais-que-humano emergente; com a variedade de ontologias, epistemologias e metodologias que estão na base das alegações de conhecimento; e com o mundo não só como ele é, mas também como pode ser. Pensar geograficamente sobre o capitalismo globalizante permite problematizar as posicionalidades socioespaciais particulares a partir das quais houve a metástase dos entendimentos de senso comum sobre o capitalismo. A Europa não inventou as práticas capitalistas, mas se tornou o centro de cálculo do capitalismo globalizante, catalisado pelas dinâmicas espaciais do colonialismo que a fizeram ascender em relação a seus predecessores. Pensar geograficamente mina as considerações convencionais sobre o capitalismo globalizante que emanam da Europa, que se referem a uma maré crescente capaz de levantar todos os barcos e trazer prosperidade a todos os indivíduos responsáveis e que trabalham duro e a todos os territórios bem governados. Na verdade, essas considerações fundadas no corpo e no lugar obscurecem o modo pelo qual as conectividades assimétricas entre os lugares e as dinâmicas interescalares, que co-evoluem com o desenvolvimento geográfico desigual, coproduzem uma posicionalidade socioespacial e condições de possibilidade desiguais para aqueles que propagam ou se deparam com o capitalismo globalizante. O capitalismo também não pode ser compreendido, ou praticado, simplesmente como um processo econômico; seus aspectos econômicos estão co-implicados com processos políticos, culturais (de gênero, raciais etc.), sociais e biofísicos, de maneiras que repetidamente superam e enfraquecem quaisquer “leis da economia”. Pensar geograficamente torna necessário conceder espaço para trajetórias e experiências alternativas e mais-que-capitalistas, enriquecidas por experiências periféricas do capitalismo globalizante e por encontros com ele na periferia.
Palavras chave: capitalismo; geografia; globalização; posicionalidade socioespacial.
THINKING GEOGRAPHICALLY: GLOBALIZING CAPITALISM AND BEYOND
Abstract: In the spirit of strengthening its intellectual foundations and clarifying its contributions to making sense of Earth, we should resist any inclination to treat geography as a club—a discipline with boundaries to be policed and defended. I advocate for the strengths of thinking geographically, a way of being in the world open to all. This means attending to the geography of knowledge production; how spatiotemporalities shape and are shaped by socionatural processes; the emergent more-than-human world; the variety of ontologies, epistemologies, and methodologies underlying knowledge claims; and the world not only as it is but also as it should be. Thinking geographically about globalizing capitalism can problematize the particular sociospatial positionalities from which commonsense understandings of capitalism have metastasized. Europe did not invent capitalist practices but became globalizing capitalism’s center of calculation, catalyzed by the spatial dynamics of colonialism elevating Europe relative to its predecessors. Thinking geographically undermines the mainstream account of globalizing capitalism emanating from Europe, that of a rising tide capable of lifting all boats and bringing prosperity to all hard-working and responsible individuals and well-governed territories. Indeed, such body- and place-based accounts obscure how asymmetric connectivities between places and interscalar dynamics, coevolving with uneven geographical development, coproduce unequal sociospatial positionality and conditions of possibility for those propagating and encountering globalizing capitalism. Capitalism also cannot be understood, or practiced, simply as an economic process; its economic aspects are co-implicated with political, cultural (gendered, raced, etc.), social, and biophysical processes, in ways that repeatedly exceed and undermine any “laws of economics.” Thinking geographically necessitates acknowledging space for alternative, more-than-capitalist experiments and trajectories, enriched by peripheral experiences of and encounters with globalizing capitalism.
Keywords: capitalism; geography; globalization; sociospatial positionality.
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