RELAÇÕES SIMBÓLICO-AFETIVAS NO TERREIRO DE TORÉ DA BOA VISTA: EXPRESSÕES DE UM LUGAR SAGRADO XUKURU DO ORORUBÁ
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2023.v25i55.a46620Palavras-chave:
Geografia Indígena, Povos Indígenas, Espaço Sagrado, Identidade.Resumo
O povo Xukuru do Ororubá, cujo território está localizado nos municípios de Pesqueira e Poção-PE, a 215 km da capital pernambucana, passou por séculos de recriminação de seus rituais, perdurando até os movimentos por retomada das terras, na década de 1990. Após reaverem o território, os/as Xukuru do Ororubá puderam reestabelecer suas práticas sagradas livremente, sem a importunação dos fazendeiros intrusos no território. Com isso, espaços de rituais surgiram ou foram reativados, os Terreiros de Toré. Nesses locais sagrados, os/as frequentadores/as se encontram com os encantados e recebem orientações para sua vida espiritual e cotidiana, que reverberam nas dinâmicas da comunidade. O Terreiro da Mata Sagrada da Boa Vista, reativado 2012, vem se tornando notório no fortalecimento da etnicidade e das tradicionais práticas sagradas do povo em questão. Nesse interim, a pesquisa objetiva analisar e compreender as relações simbólico-afetivas entre indígenas e o Terreiro de Toré da Boa Vista. Para tanto, recorreu-se principalmente ao método da história oral, a fim de que os/as próprios/as indígenas narrem suas vivências no lugar, e a observação participante, para melhor compreender as relações entre indígenas e lugar sagrado. O espaço sagrado do Terreiro da Boa Vista enaltece a identidade territorial do povo Xukuru do Ororubá, bem como sua indianidade e relação com os encantados e a Natureza. É um espaço que reflete as dinâmicas territoriais que envolvem os indivíduos que vivenciam aquele lugar e se afirmam a partir deles.
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