ANÁLISE SOCIOESPACIAL DA POPULAÇÃO ATINGIDA POR MOVIMENTOS DE MASSA NA PERIFERIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2023.v25i54.a50080

Palavras-chave:

Deslizamentos, Análise de Agrupamento, Variáveis Censitárias

Resumo

Os movimentos de massas são desastres naturais responsáveis por grandes prejuízos à sociedade, particularmente, nas áreas densamente povoadas. O processo de urbanização desigual, típica das regiões metropolitanas brasileiras, intensifica as situações de risco. O presente trabalho tem, assim, como objetivo investigar o padrão das condições socioeconômicas e de infraestrutura da população atingida por movimentos de massa na periferia de regiões metropolitanas periféricas através da análise de indicadores censitários. O estudo de caso foi realizado no município São Gonçalo, considerado como uma "periferia consolidada" na Região Metropolitana do Rio de Janeiro (RMRJ). Como base de dados, foram utilizados os boletins de ocorrência da Defesa Civil, para o período entre 2005 e 2016, e as dez variáveis censitárias de 2010. Através da Análise de Agrupamento, as ocorrências foram classificadas em quatro grupos localizados da área central a periurbana do município. Das variáveis utilizadas, cinco obtiveram coeficiente de determinação acima de 0,5 para discriminação dos grupos e referem-se aos indicadores de infraestrutura urbana e saneamento. O grupo das ocorrências próximo ao Centro distingue-se por apresentar os melhores indicadores, superando, em geral, a média de São Gonçalo, com destaque para os indicadores de infraestrutura urbana. O grupo mais afastado da área central apresenta os piores indicadores com destaque para o saneamento básico. Verifica-se que, na análise intramunicipal de São Gonçalo, são detectadas diferenças socioespaciais, entretanto não foi identificada diferença no número de ocorrências entre os grupos, o que impossibilitou a detecção de um padrão das condições socioeconômicas e de infraestrutura urbana da população atingida por movimentos de massa. No entanto, deve ser destacado que a Análise de Agrupamento, realizada com a base de dados georreferenciados, permitiu verificar a relação entre indicadores e a distribuição espacial da população e, desta forma, salientar o processo de periferização intramunicipal na periferia metropolitana fluminense.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

ARAÚJO, R. O.; ROSA, T. C. S. (2014) Socio-environmental vulnerability and disaster risk reduction: the role of Espírito Santo State (Brazil). Ambiente & Sociedade, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 117-132.

AUGUSTO FILHO, O.; VIRGILI, J. C.; DILÁSCIO, M. V. (1998). Estabilização de taludes. In: OLIVEIRA, A. M. D. S.; BRITO, S. N. A. D. (eds). Geologia de Engenharia. São Paulo: Associação Brasileira de Geologia de Engenharia, p. 243-269.

BERTOLINO, L. C., BERTOLINO, A. V. F. A., LEMES, M. W., MERAT, G. S. (2015). Análise dos deslizamentos em São Gonçalo – Rio de Janeiro: uma abordagem multi-escalar. Revista Geografias. p. 53–65.

BERTOLINO, A. V. F. A; FIALHO, E. S.; MARCHIORO, E; BAPTISTA, E. C. (2012). As repercussões pluviais e os movimentos de massa na porção leste da baía de guanabara: estudo de caso de São Gonçalo – RJ. In: SILVA, C. A. S.; FIALHO, E. S. (orgs.). Concepções e ensaios da climatologia geográfica. Dourados: UFGD, p. 233-256.

BERTOLINO, A. V. F. A.; COSTA, A.R.C; BERTOLINO, L. C.; FIALHO, E. S. (2007) Análise da dinâmica climatológica no município de São Gonçalo RJ - triênio 2004 - 2007. Revista Tamoios (Impresso), Rio de Janeiro, v. IV, p. 1-13.

BRAGA, T. (1997) Gestão ambiental, conflito e produção social do espaço sob o signo da (mono) indústria. 1997. (Mestrado em Ciências Ambientais). Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais Universidade de São Paulo, São Paulo.

BRASIL. (2022) Ministério do Desenvolvimento Regional. Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil. Universidade Federal de Santa Catarina. Centro de Estudos e Pesquisas em Engenharia e Defesa Civil. A P&CD e os 30 anos de desastres no Brasil (1991 – 2020). Florianópolis: FEPESE. 64p.

BRITTO, A. L.; GOUVEIA, A. G.; GONÇALVES, T. G. B.; JOHNSSON, R. M. F. (2017) A segregação socioespacial no município de São Gonçalo, RJ: uma análise a partir do acesso ao saneamento básico. In: Encontro Nacional da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional, 17., 2017, São Paulo. Anais [...]. São Paulo, v. 17, n. 1. 23p.

COELHO, M. C. N. (2001) Impactos ambientais em áreas urbanas – Teorias, conceitos e métodos de pesquisa. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (Org.) Impactos ambientais urbanos no Brasil. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p.19-45.

CPRM. SERVIÇO GEOLÓGICO DO BRASIL. (2014). Carta de suscetibilidade a movimentos gravitacionais de massa e inundação: município de São Gonçalo – RJ. Rio de Janeiro: CPRM. Escala 1:40.000.

ESRI. (2019) ArcGIS Pro tool reference. Disponível em <https://pro.arcgis.com/en/pro-app/tool-reference/main/arcgis-pro-tool-reference.html>. Acessado em: 25 de nov. 2019.

FERNANDES N. F.; AMARAL, C. (1996) Movimentos de massa: uma abordagem geológica-geomorfológica. In: GUERRA, A. J. T.; CUNHA, S. B. (orgs), Geomorfologia e Meio Ambiente. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, p. 123-194.

GHOSH, J.; LIU, A. (2009) K-Means. In: XINDONG, W.; VIPIN, K. (eds). The Ten Top Algorithms in Data Mining. Boca Raton, Florida: Taylor & Francis Group, p. 37-60.

IBGE. (2011) Censo Demográfico 2010. Disponível em: <https://downloads.ibge.gov.br/downloads_estatisticas.htm>. Acesso em 30 set. 2019.

IPCC. (2022) Climate Change 2022: Impacts, Adaptation and Vulnerability. Technical Summary. Disponível em: < https://www.ipcc.ch/report/ar6/wg2/> Acesso em 03 jun. 2022. 96p.

IPT. INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS. (2007) Mapeamento de Riscos em Encostas e Margem de Rios. Brasília: Ministério das Cidades. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas.

JACOBI, P. (2006) Dilemas socioambientais na gestão metropolitana: do risco à busca da sustentabilidade urbana. Política & Trabalho - Revista de Ciências Sociais, João Pessoa, n. 25, p.115-134.

JAIN, A. K. (2010) Data clustering: 50 years beyond K-means. Pattern Recognition Letters, n. 31, p. 651–666.

MENDES, R. M.; ANDRADE, M. R. M.; TOMASELLA, J.; MORAES, M. A. E.; SCOFIELD, G. B. (2018) Understanding shallow landslides in Campos do Jordão municipality – Brazil: disentangling the anthropic effects from natural causes in the disaster of 2000. Nat. Hazards Earth Syst. Sci., v. 18, p. 15-30.

MENDONÇA, F.; BUFFON, E.; CASTELHANO, F.; SITOE, G. (2016) Resiliência socioambiental-espacial urbana a inundações: possibilidades e limites no bairro Cajuru em Curitiba (PR). Revista da ANPEGE, v.12, n. 19, p. 279-298

MENDONÇA, M. B., SILVA, D. R. (2020) Integration of census data based vulnerability in landslide risk mapping - The case of Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brazil. International Journal of Disaster Risk Reduction, 50, 101884.

OPAS. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. (2014) Desastres Naturais e Saúde no Brasil. Brasília, DF: OPAS, Ministério da Saúde. 49p.

PEREIRA, V. C; BERTOLINO, A.V. F.A; KEDE, M. L. F. M; CORBO, A. R; BERTOLINO, L. C & FIALHO, E.S. (2021). Contribuições para a análise da dinâmica climatológica no município de São Gonçalo/RJ. 2008-2018. Revista Tamoios, São Gonçalo, v. 17, n. 2, p. 111-136.

RIFFEL, S. E.; GUASSELLI, L. A.; BRESSANI, L. A. (2016) Desastres Associados a movimentos de massa: uma revisão de literatura. Boletim Goiano de Geografia, v.36, n. 2, p. 285-305.

ROSA, D. P. (2019) Grandes periferias e a centralidade periférica: consumo, economia urbana e vida de relações. In: Simpósio Nacional de Geografia Urbana, 7., 2019, Espírito do Santo. Anais [...]. v. 1. p. 964-980.

ROSA, D. P. (2010) São Gonçalo, Divisão do Trabalho na Metrópole e a Formação da Nova Periferia Metropolitana. Revista Tamoios, v. 6, n.1, p.19-33.

SAITO, S. M.; DIAS, M. C. A.; RIBEIRO, D. F.; ALVALÁ, R. C. S.; SOUZA, D. B.; SANTANA, R. A. S. M.; SOUZA, P. A.; RIBEIRO, J. V. M.; STENNER, C. (2021) Disaster risk areas in Brazil: outcomes from an intra-urban scale analysis. International Journal of Disaster, v. 12, n. 2, p. 238-250.

SANT’ANNA, A. A. (2018) Not So Natural: Unequal Effects of Public Policies on the Occurrence of Disasters. Ecological Economics., v. 152(C), p. 273-281.

SANTOS, M. G. A (2012) Biodiversidade da APA do Engenho Pequeno e Morro do Castro. In: SANTOS, M. G. (Org.). Estudos Ambientais em regiões metropolitanas: o município de São Gonçalo. Rio de Janeiro: EdUERJ, p. 59-97.

SCHUTZER, J. G. (2012) Cidade e meio ambiente: a apropriação do relevo no desenho ambiental urbano. São Paulo: EDUSP. 327 p.

SILVA, O. T. A. (2015) A região metropolitana do Rio de Janeiro na atualidade: recuperação econômica e reestruturação espacial. Confins [En ligne], v.25.

SILVA, E. N. M.; SALGADO, C. M. (2013) Percepção ambiental de alunos do ensino básico de São Gonçalo (RJ) em relação às bacias hidrográficas. Caminhos de Geografia, v. 14, n. 48 p. 120–133.

TÓRNIO, C. A. A.; KEDE, M. L. F. M. (2021) Os impactos das chuvas nos municípios de São Gonçalo (RJ) e Niterói (RJ) no decênio 2010-2019. In: XIV Simpósio Brasileiro de Climatologia Geográfica, 14., 2021, João Pessoa. Anais [...]. p.1995-2009.

UNISDR, UNITED NATIONS INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION. (2009) Terminología sobre reducción del riesgo de desastres. Disponível em: <http://www.unisdr.org/files/7817_UNISDRTerminologySpanish.pdf>. Acesso em 08 out. 2019.

VIANA, J. N. L. (2019) Rupturas e Continuidades. A produção do espaço e o processo de reestruturação: um olhar a partir de São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio de Janeiro. 2019. 312 f. (Doutorado em Geografia Humana) Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo, São Paulo.

WB. THE WORLD BANK. THE UNITED NATIONS. (2010) Natural hazards, unnatural disasters: the economics of effective prevention. Washington DC: WB/UN.

Downloads

Publicado

2023-02-13

Como Citar

Espíndola Moussa, L., Nunes Francisco, C., & da Rosa, F. B. . (2023). ANÁLISE SOCIOESPACIAL DA POPULAÇÃO ATINGIDA POR MOVIMENTOS DE MASSA NA PERIFERIA DA REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO. GEOgraphia, 25(54). https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2023.v25i54.a50080

Edição

Seção

Artigos