O CORPO FORA DE LUGAR: DE UMA GEOGRAFIA DOS INDIVÍDUOS PARA UMA GEOGRAFIA DOS SUJEITOS

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i52.a51617

Palavras-chave:

corpo, ciência geográfica, produção do espaço

Resumo

Desde que o conhecimento foi sistematizado, as pesquisas geográficas tenderam a descrever e a analisar os objetos espaciais e as pessoas como agrupamentos homogêneos, não os valorizando como corpos sob múltiplas interseccionalidades e sociodiversidades, ou seja, sob categorias abrangentes e/ou quantificações. A pluralidade social e suas camadas mais profundas foram aos poucos aplainadas na reprodução e na microescala do cotidiano. O objetivo deste texto é esclarecer esta tendência nas pesquisas geográficas e evidenciar o movimento que se fortalece na ciência dentro da virada cultural e espacial em que os indivíduos “homogêneos” são vistos e estudados como sujeitos sociais, com corpos, biografias, desejos e sentimentos diversos, situados em um tempo e espaço. Colocamos a possibilidade de transpor uma geografia do singular para uma geografia do plural, da homogeneidade para a consideração das diferenças, dos indivíduos que compõem uma população para as análises dos sujeitos sociais corporificados que integram o processo de produção do espaço.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Élvis Christian Madureira Ramos, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/CPAN (UFMS) Corumbá, MS, Brasil

Possui graduação em Licenciatura plena e Bacharelado em Geografia pela Universidade do Sagrado Coração em 1999 e Mestrado em Educação para Ciência pela Universidade Estadual Paulista (UNESP) em 2004. Doutor em Geografia pela Universidade Estadual Paulista (UNESP-PP). Membro da Diretoria Executiva da Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB), Seção Bauru - SP. Integra o Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GASPERR). Possui experiência em pesquisas no âmbito da Geografia Urbana; Geografia Social e Cultural; Práticas Socioespaciais de Redes e Microculturas Juvenis na Periferia Urbana; Ensino de Geografia

Referências

APPADURAI, A. (2004) Dimensões culturais da globalização: a modernidade sem peias. Lisboa: Teorema.

BHABHA, H. K. (1998) O local da cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG.

BAUDRILLARD, J. (1995) A sociedade de consumo. Lisboa: Edições 70.

BERDOULAY V. (2012) Espaço e cultura. In: CASTRO, I.E; GOMES, P.C. C; CORRÊA, R. L. (orgs.) Olhares geográficos: modos de ver e viver o espaço. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, p. 101-131.

BOURDIEU, P. (1996) Physical Space, Social Space and Habitus. Vilhelm Aubert Memorial Lecture, University of Oslo.

BOURDIEU, P. (2007) A dominação masculina. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

BOURDIEU, P. (2013) Capital simbólico e classes sociais. Novos Estudos - CEBRAP, n. 96, p. 105–115, jul.

CAMPOS, H. D. (2017) Os “vareiros” do Rio Parnaíba. In: Boletim Paulista de Geografia, n.5, 49–52. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/index.php/boletim-paulista/article/view/1400/1258. Acessado em: 8 jan. 2022.

CLAVAL, P. (2007) A geografia cultural. 3. ed. Florianópolis: Ed. da UFSC.

CLAVAL, P. (2011) Epistemologia da Geografia. Trad. Margareth de Castro Pimenta e Joana Pimenta. Florianópolis: Editora da UFSC.

CANCLINI, N. G. (2013) Culturas híbridas: estratégias para entrar e sair da modernidade. 4 ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo.

CAPEL, H. (1987) Geografia humana y ciencias sociales: una perspectiva histórica. Montesinos editor. Barcelona.

CAPEL, H. (2002) La morfologia de las ciudades: sociedad, cultura y paisaje urbano. Madrid: Ediciones Del Serbal.

CASTRO, J. de. (1946) Geografia da fome. Rio de Janeiro: O Cruzeiro.

CERTEAU, M. (1994) A invenção do cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes.

CLIFFORD, J. (2000) Culturas Viajantes. In: ARANTES, Antônio A. O espaço da diferença. São Paulo: Papirus, p. 51-79.

CUKIERT, M.; PRISZKULNIK, L. (2000) Considerações sobre eu e o corpo em Lacan. In: Estudos de Psicologia, Natal-RN, n.7(1), p. 143–149.

DAMIANI, A. L. (2012) Introdução a elementos da obra de Henri Lefebvre e a Geografia. Revista do Departamento de Geografia – USP. V Especial de 30 Anos, p. 254 – 283.

DARDEL, E. (2011) O homem e a terra: natureza da realidade geográfica. Trad. Werthel Holzer. São Paulo. Editora Perspectiva.

DAVIS, A. (2016) Mulheres, raça e classe. São Paulo: Boitempo.

DEBARBIEUX, B. Présentation générale. (2004) De l'objet spatial à l'effet géographique. In: DEBARBIEUX, B; FOURNY, M-C. L'effet géographique. Construction sociale, appréhension cognitive et configuration matérielle des objets géographiques. Editions de la MSH, p.11-33.

DELEUZE, G. (2006) Diferença e repetição. Trad. Luiz Orlandi e Roberto Machado. 3ªed. Rio de Janeiro: Graal.

EAGLETON. T. (1993) A ideologia da estética. Trad. Mauro Rego Costa. Rio de Janeiro: ZAHAR Editor.

FOUCAULT, M. (1987) Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes.

GOFFMAN, E. (1988) Estigma: notas da manipulação da identidade deteriorada. Rio de Janeiro: LTC.

GUELKE, L. (1974) An idealist alternative in human geography. In: Annals of the Association of American Geographers, Washington, v. 64, n. 2, p. 193-202.

GIDDENS, A. (2003) Modernidade e identidade. Trad. Dentzien, P. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

HAESBAERT, R. (2004) O mito da desterritorialização: do “fim dos territórios” à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

HAESBAERT, R. (2020) Do corpo-território ao território-corpo (da terra): contribuições decoloniais. In: GEOgraphia, 22(48).

HALL, E. (1981) A dimensão oculta. Rio de Janeiro: Francisco Alves Editora S.A.

HARAWAY, D. (1995) Saberes localizados: a questão da ciência para o feminismo e o privilégio da perspectiva parcial. Cadernos Pagu. n. 5, p. 7-41.

HARTSHORNE, R. (1978) Propósitos e natureza da geografia. Trad. Thomaz Newlands Neto, 2ª ed. São Paulo: Hucitec.

HARVEY, D. (1980) A justiça social e a cidade. São Paulo: Hucitec.

KAUFMANN, T. (2004) Toward a geography of art. Chicago. University of Chicago Press.

LE BRETON, D. (2003) Adeus ao corpo: antropologia e sociedade. Campinas: Papirus.

LE BRETON, D. (2010) A sociologia do corpo. 4.ed. Rio de Janeiro: Vozes.

LEFEBVRE, H. (1991) A vida cotidiana no mundo moderno. São Paulo, Editora Ática.

LEFEBVRE, H. (2002) A revolução urbana. Belo Horizonte: Editora UFMG.

LEFEBVRE, H. (1978) De lo rural a lo urbano. 4. ed. Barcelona: Ediciones Península.

LEFEBVRE, H. (1974) La producción del espacio. Trad e Introdução Emilio Martinez Gutiérrez. Madrid: Editora Capitain Swing (Col. Entrelíneas).

LIMA, E. L. (2014) Encruzilhadas geográficas: notas sobre a compreensão do sujeito na teoria social crítica. Rio de Janeiro: Consequência.

LINDÓN, A. (2006) Geografías de la vida cotidiana. IN: ______; HIERNAUX, Daniel; LINDÓN, Alícia (Orgs.). Tratado de geografia humana. Barcelona: Anthropos.

LINDÓN, A. (2012) Corporalidades, emociones y espacialidades: hacia un renovado betweeness. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, v. 11, n. 33, p. 698-723.

LONGHURST, R. (1995) Body and geography. In: Gender, place & culture: a journal of feminist geography, v.2, n.1, p. 97-106.

MCDOWELL, L. (1996) A transformação da Geografia Cultural. In: GREGORY, D. et all. (Org.) Geografia Humana: Sociedade, Espaço e Ciência Social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor.

MASSEY, D. (2008) Pelo espaço: uma nova política da espacialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil.

MERLEAU-PONTY, M. (2003) O visível e o invisível. São Paulo: Perspectiva.

NÓBREGA, T. P. (2016) Corporeidades...inspirações merleau-pontianas. Natal: IFRN.

MEDEIROS, C. C. C. de. (2011) Habitus e corpo social: reflexões sobre o corpo na teoria sociológica de Pierre Bourdieu. In: Movimento, v. 17, n. 1, p. 281–300.

MORIN, E. (1996) A noção de sujeito. In: SCHNITMAN, D. F. (org.). Novos paradigmas, cultura e subjetividade. Porto Alegre: Artes Médicas, p. 45-58.

PRZYBYSZ, J. (2017) Espacialidades e interseccionalidades na vivência de mulheres prostitutas mães na cidade de Ponta Grossa-PR. In: Revista Geousp: espaço e tempo. V.21, nº 2.

RAPCHAN, E. S. (2017) O mito do corpo, na terra, na planta: reflexões acerca dos posseiros do vale do Pindaré-Mirim. In: Boletim Paulista de Geografia, 67, 69–74. Disponível em: https://publicacoes.agb.org.br/index.php/boletim-paulista/article/view/948/841: Acesso em: 15 fev. 2022.

REA, C. (2018) Pós­colonialidade, feminismos e epistemologias anti ­hegemônicas. In: RODRIGUES, C., ANDRADE, D. S. V.; MANO, M. K, ZUCCO, M. C; Janja ARAÚJO, J. (Org.). Territorialidades: dimensões de gênero, desenvolvimento e empoderamento das mulheres. Salvador, p. 83­110.

REIS, N. B. (2011) O Corpo como expressão segundo a filosofia De Merleau-Ponty. Kínesis, v. 3, p. 137–153.

ROSE, G. (1992) Feminism and Geography: the limits of geographical knowledge. Cambridge: Polity Press.

SANTOS, M. (2002) A natureza do espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP.

SEARLE, J. (1998) O mistério da consciência. São Paulo: Paz e Terra.

SILVA, J. M. (2007) Gênero e sexualidade na análise do espaço urbano. In: Revista Geosul, v. 22, n. 44, p. 117-134.

SILVA, J. M. (2009) Fazendo geografias: pluriversalidades sobre gênero e sexualidades In: IN: SILVA, Joseli M. (Org.). Geografias subversivas: discursos sobre espaço, gênero e sexualidades. Ponta Grossa: Todapalavra, p. 93 – 113.

SILVA, J. M.; ORNAT, M. J; CHIMIN JUNIOR, A. B. (Orgs.). (2013) Geografias malditas: corpos, sexualidades e espaços. Ponta Grossa: Todapalavra.

SILVA, J. M.; ORNAT, M. J. (2016) Corpo como espaço: um desafio à imaginação geográfica. IN: PIRES, Cláudia L. Z.; HEIDRICH, Álvaro L.; COSTA, Benhur P. da. (Orgs.). Plurilocalidade dos sujeitos: representações e ações no território. Porto Alegre: Compasso Lugar-Cultura.

SILVA, J. M.; ORNAT, M. J.; CHIMIN JUNIOR, A. B. (2017) “Não me chame de senhora, eu sou feminista”! Posicionalidade e reflexibilidade na produção geográfica de Doreen Massey. In: Revista Geographia. V. 19, n.40, p. 11-20.

SILVA, J. M.; ORNAT, M. J. (2019) O Legado de Henri Lefebvre para a constituição de uma geografia corporificada. Caderno Prudentino de Geografia, v. 3, n. 41, p. 63–67.

SMITH, N. (2000) Contornos de uma política espacializada: veículos dos sem-tetos e a produção de escala geográfica. In.: ARANTES, A. (org). O espaço da diferença. Campinas. Papirus.

STRAWSON, P.F. (2002) Análise e metafísica. Trad. Armando Mora de Oliveira. São Paulo. Discurso Editorial.

TUAN, Yi-Fu. (2012) Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente. Londrina: Eduel.

TURRA NETO, N. (2012) Múltiplas trajetórias juvenis: territórios e rede de sociabilidade. Jundiaí: Paco Editorial.

ZARAGOCIN, S. (2018) La geopolítica del útero: hacia una geopolítica feminista decolonial en espacios de muerte lenta. In: CRUZ, D.; BAYON, M. (Orgs.) Cuerpos, territorios y feminismos. Quito: Abya Yala y Estudios Ecologistas del Tercer Mundo.

Downloads

Publicado

2022-05-12

Como Citar

Ramos, Élvis, & Milani, P. H. . (2022). O CORPO FORA DE LUGAR: DE UMA GEOGRAFIA DOS INDIVÍDUOS PARA UMA GEOGRAFIA DOS SUJEITOS. GEOgraphia, 24(52). https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i52.a51617

Edição

Seção

Artigos