CARLOS WALTER PORTO-GONCALVES, UM SENTI-PENSADOR FUNDAMENTAL PARA GEA-GRAFAR O ANTHROPOS-CENO

Autores/as

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2024.v26i57.a63508

Palabras clave:

Gea-grafar o Antroposceno , Re-existências, Terra/território

Resumen

Na sua corrente dominante, a Geografia moderna constituiu-se como um instrumento fundamental da expansão imperial centrada no Ocidente; simultaneamente um meio e uma expressão do devir do "Antroposceno" como o "destino" fatídico do curso civilizacional a que os seres humanos e o resto das espécies que compõem a biodiversidade da Terra foram subsumidos. Desde o seu início, a geografia foi uma prática epistémica e política de ocupação da terra (portanto, já ontologicamente diminuída). Ocupar a terra e explorá-la racionalmente está na base da atitude e do interesse cognitivo não só da ciência geográfica, mas de todas as disciplinas científicas modernas.

A vida e a obra de Carlos Walter Porto-Gonçalves podem ser entendidas como a de um gesto radical, não apenas de suspeita, mas de total distanciamento e rebelião contra esse modo imperial da geografia. A sua forma de entender e fazer conhecimento da (e a partir da) Terra remete fundamentalmente para uma epistemologia e uma metodologia que tem sido a de seguir, rastrear, reconstruir e revalorizar criticamente os Outros Grafites que foram precisamente aqueles que foram supostamente extintos pela Grande Pegada Prometéica do Anthropos e pela sua estranha noção de progresso. Estes Outros Grafites - que têm traçado uma diversidade inumerável de rastos luminosos, mas não menos complexos e ricos em sabedoria - têm sido o centro fundamental e o horizonte do interesse cognitivo e prático das suas pesquisas e preocupações.

Na tentativa de evidenciar e dar continuidade aos seus ensinamentos, este texto explicita alguns traços básicos (teórico-conceptuais, metodológicos e epistémico-políticos) dessas Geo-grafias de re-existências, visando apontar a contradição histórico-estrutural entre Ocupar vs. Habitar, como chave de leitura do pesado estado contemporâneo da Terra e da convivência terrestre. Neste contexto, o sentipensar do Mestre Carlos Walter dá um contributo fundamental para re-imaginar outros futuros possíveis; outras Gea-grafias centradas no Bem Viver, no Bem Con-viver.

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Publicado

2024-07-17

Cómo citar

ARÁOZ, H. M. CARLOS WALTER PORTO-GONCALVES, UM SENTI-PENSADOR FUNDAMENTAL PARA GEA-GRAFAR O ANTHROPOS-CENO. GEOgraphia, v. 26, n. 57, 17 jul. 2024.

Número

Sección

Dossiê - Geografando e re-existindo: um tributo a Carlos Walter Porto-Gonçalves