PROBLEMATIZANDO O MITO FUNDADOR DE NOVA FRIBURGO COMO A “SUÍÇA BRASILEIRA”: INVISIBILIZAÇÃO ÉTNICO-RACIAL E (RE)CRIAÇÃO DE ESPAÇO-TEMPORALIDADES
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i53.a54545Palavras-chave:
espaço-temporalidade, Suiça brasileira, branqueamento do território, Mito Fundador, Nova FriburgoResumo
Neste trabalho busca-se problematizar o título de Suíça Brasileira atribuído ao município de Nova Friburgo e oficializado na época em que se completaram 200 anos da colonização helvética. Esse título se apoia sobre um “mito fundador” e sobre a invenção de uma tradição que atravessa o percurso de formação do município. Para isso, reflete-se sobre as representações associadas a esse título que, de alguma maneira, invisibilizam outras contribuições – além da suíça – à produção do espaço geográfico friburguense, em suas diversas espaço-temporalidades. Essa reflexão remete-nos para a necessidade de pensar a importância da diferença para a ciência geográfica, trazendo à tona as particularidades e singularidades que formam a multiplicidade do território em análise – marcado, também, por um processo de manutenção de políticas de branqueamento, comum à sociedade brasileira.
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