EXISTÊNCIAS DESUMANIZADAS PELA COLONIALIDADE DO PODER: NECROPOLÍTICA E ANTINEGRITUDE BRASILEIRA

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i53.a55623

Palavras-chave:

segurança, dispositivo de racialidade, necropolítica, colonialidade, antinegritude

Resumo

O foco da análise deste artigo é compreender como o racismo tem produzido existências desumanizadas e, concomitantemente, múltiplas formas de enfrentamento têm sido criadas. O nosso objetivo é analisar como o debate sobre segurança no Brasil tem produzido existências desumanizadas pela ideia de raça. Construímos uma análise genealógica do debate de segurança e a relação com a questão racial. Identificamos dispositivos de racialidade criados no contexto colonial-escravocrata e actualizados na cidade neoliberal como mecanismo de garantia de segurança em defesa de uma sociedade branca e burguesa. Nosso referencial teórico expressa um diálogo com as ideias de necropolítica de Achille Mbembe, colonialidade do poder Aníbal Quijano e antinegritude de João Vargas.

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Publicado

2022-10-24

Como Citar

Oliveira, D. A. de . (2022). EXISTÊNCIAS DESUMANIZADAS PELA COLONIALIDADE DO PODER: NECROPOLÍTICA E ANTINEGRITUDE BRASILEIRA. GEOgraphia, 24(53). https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2022.v24i53.a55623

Edição

Seção

Dossiê - Geografia e descolonialidade desde uma perspectiva latino-americana