ENTRE “PIONEIROS” E POPULAÇÕES “PARASITÁRIAS”: AS NARRATIVAS GEOGRÁFICAS DE PIERRE DEFFONTAINES SOBRE O BRASIL
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2024.v26i57.a56415Palavras-chave:
homem, meio, gênero de vida, sujeito moderno, geografia regional francesaResumo
É bastante conhecida a influência exercida pelos geógrafos franceses na institucionalização da geografia como disciplina científica no Brasil. Remontando ao fim do século XIX, essa influência se aprofunda nas primeiras décadas do século XX. Mirando a utilização de conceitos como “homem”, “meio” e “gênero de vida” pela chamada geografia regional francesa em realidades não europeias como o Brasil, examinaremos alguns dos textos produzidos por Vidal de La Blache (1845-1918) e Pierre Deffontaines (1894-1978). Problematizaremos o lugar que determinados povos e seus territórios ocuparam na interpretação desses geógrafos, bem como o papel da geografia produzida no Brasil após 1930. Ao enfatizarem o dualismo entre populações “parasitárias” – implicitamente tidas como “não sujeitos” – e os “pioneiros” que colonizam “terras virgens”, La Blache e sobretudo Deffontaines teriam inadvertidamente endossado a forma social do sujeito moderno e os processos violentos de territorialização baseados no emprego de trabalho para a produção de mercadorias?
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