DISTOPIAS COLONIAIS NA AMAZÔNIA: AS COLONIALIDADES DO HABITAR E DO TERRITORIALIZAR
DOI:
https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2025.v27i59.a60096Palavras-chave:
populações tradicionais, áreas protegidas, decolonialidadeResumo
Com base em estudos sobre a colonialidade, este artigo visa discutir as ideias sobre as formas colonizadas de agir, de pensar e de se apropriar do espaço, especialmente, em torno da concepção de moradia e de apropriação do território no contexto amazônico. Para isso, por meio de uma análise bibliográfica, descrevemos e discutimos dois exemplos específicos, sendo eles, a implementação do Programa de Habitação em Territórios da Reforma Agrária pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a implementação da Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) a populações tradicionais em Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Por fim, a discussão em torno desses exemplos busca correlacionar os elementos que revelam a herança e a permanência da colonialidade e como esse processo vai de encontro a realidades outras, que, consequentemente, resultam em distopias nas formas de conceber o espaço, condicionando a uma significativa privação de reprodução das geograficidades locais. Apesar disso, neste artigo, é desenvolvida a ideia de que a Amazônia é um lócus de antítese de mundo baseada na experiência europeia. Em vários aspectos, a região e seus povos têm demonstrado e, principalmente, resistido a essa ideia linear da colonialidade, evidenciando-se como um “contra mundo”, que nos revela outras possibilidades de mundos possíveis para além do conceito hegemônico eurocêntrico
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