DISTOPIAS COLONIAIS NA AMAZÔNIA: AS COLONIALIDADES DO HABITAR E DO TERRITORIALIZAR

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2025.v27i59.a60096

Palavras-chave:

populações tradicionais, áreas protegidas, decolonialidade

Resumo

Com base em estudos sobre a colonialidade, este artigo visa discutir as ideias sobre as formas colonizadas de agir, de pensar e de se apropriar do espaço, especialmente, em torno da concepção de moradia e de apropriação do território no contexto amazônico. Para isso, por meio de uma análise bibliográfica, descrevemos e discutimos dois exemplos específicos, sendo eles, a implementação do Programa de Habitação em Territórios da Reforma Agrária pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) e a implementação da Concessão de Direito Real de Uso (CDRU) a populações tradicionais em Unidade de Conservação de Uso Sustentável. Por fim, a discussão em torno desses exemplos busca correlacionar os elementos que revelam a herança e a permanência da colonialidade e como esse processo vai de encontro a realidades outras, que, consequentemente, resultam em distopias nas formas de conceber o espaço, condicionando a uma significativa privação de reprodução das geograficidades locais. Apesar disso, neste artigo, é desenvolvida a ideia de que a Amazônia é um lócus de antítese de mundo baseada na experiência europeia. Em vários aspectos, a região e seus povos têm demonstrado e, principalmente, resistido a essa ideia linear da colonialidade, evidenciando-se como um “contra mundo”, que nos revela outras possibilidades de mundos possíveis para além do conceito hegemônico eurocêntrico

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Jéssica Poliane Gomes Santos, Universidade Federal de Minas Gerais Belo Horizonte, MG, Brasil
    Possuo graduação (bacharelado) em Geografia pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (2010) e pós-graduação (especialização) em Meio Ambiente e Geoprocessamento pelo Centro Universitário de Belo Horizonte (2014). Atualmente sou aluna de mestrado no programa de Pós Graduação em Geografia, da Universidade Federal de Minas Gerais, onde desenvolvo a dissertação nas linhas de pesquisa em Cultura e Ecologia Política, integrando o Grupo de Estudos Culturais e Etnogeográficos (GECES) na UFMG. Sou vinculada ao Grupo de Pesquisa em Análise Geoespacial, Ambiente e Territórios Amazônicos, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. Venho Desenvolvendo pesquisas na área de Geografia, atuando principalmente nos seguintes temas: Cartografia Social, mapeamentos participativos e etnomapeamentos; Sistemas de Informações Geográficas e Sensoriamento Remoto voltados para análise, gestão territorial e monitoramento do uso e cobertura do solo; estudos sobre a produção e apropriação do espaços e territorialidades de povos tradicionais em áreas protegidas.
  • Fernanda Maria de Freitas Viana, Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) Juiz de Fora, MG, Brasil

    Bióloga, mestra pelo Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação dos Recursos Naturais - UFJF/MG. Coordenadora do Programa de Manejo de Agroecossistemas, do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá. 

  • Angela May Steward, Universidade Federal do Pará (UFPA) Belém, PA Brasil

    Pesquisadora colaboradora- Grupo de Pesquisa em Territorialidades e Governança Socioambiental na Amazônia do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá

Referências

ACSELRAD, Hanri.; COLI, Luis Régis. (2008) Disputas cartográficas e disputas territoriais. In: ACSELRAD, Henri. Cartografias sociais e território. Rio de Janeiro. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional, capítulo 1 - 2008. 168 p

ALENCAR, Edna Ferreira. Dinâmica Territorial e Mobilidade Geográfica no Processo de Ocupação Humana da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã - AM. Revista Uakari, Tefé, AM, v.6, n.1 , p.39-58, jun. 2010.

ALENCAR, Edna Ferreira; SOUSA, Isabel Soares. Tradição e mudanças no modo de habitar as várzeas dos rios Solimões e Japurá, AM. Revista Iluminuras, Porto Alegre, v. 17, ed. 41, p. 203-232, 2016.

ALMEIDA, Alfredo Wagner Berna de. Terras Tradicionalmente Ocupadas: Processos de territorialização e Movimentos Sociais. R. B. Estudos Urbanos e Regionais. V.6, N.1, p. 9-32, Mai 2004

AYRES, José Márcio. (2006) As matas de várzea do Mamirauá: médio rio Solimões. Brasília: CNPq; Sociedade Civil Mamirauá, 3ª edição, 2006. 123p.

BALÉE, Willian. Sobre a Indigeneidade das Paisagens. Revista de Arqueologia, 21, n.2: 09-23, 2008

BECKER, Berta koffman. Geopolítica da Amazônia. Estudos Avançados, n.19, v.5, p.71-86, 2005.

BECKER, Berta koffman. A Amazônia e a Política Ambiental brasileira. Revista GEOgraphia- Ano. 6 - NQ 11 - p. 7-20- 2004.

BORRERO. Alfredo Gutiérrez. (2014) EL SUR DEL DISEÑO Y EL DISEÑO DEL SUR. In: International colloquium pistemologies of the South: South-South, South-North and North-South global learning Coimbra – 10, 11, 12 July 2014

BRASIL - INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Sobre o crédito habitação. Disponível em http://www.incra.gov.br/noticias/incra-publica-nova-norma-de-execucao-e-retoma-credito-de-habitacao-rural Acesso em: novembro de 2019.

BRASIL. IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estátistica. (2021) Bacias e divisões hidrográficas do Brasil / IBGE, Coordenação de Recursos Naturais e Estudos Ambientais. - Rio de Janeiro : IBGE, 2021. 160 p.

BRASIL. MMA - Ministério do Meio Ambiente -MMA. Painel Unidades de Conservação Brasileiras. Disponível em: https://app.powerbi.com/view?r=eyJrIjoiMDNmZTA5Y2ItNmFkMy00Njk2LWI4YjYtZDJlNzFkOGM5NWQ4IiwidCI6IjJiMjY2ZmE5LTNmOTMtNGJiMS05ODMwLTYzNDY3NTJmMDNlNCIsImMiOjF9. Acesso em: maio de 2018

CRUZ, Valter do Carmo. (2017) Geografia e pensamento descolonial: notas sobre um diálogo necessário para a renovação do pensamento crítico. In: Cruz, V.C. & Oliveira, D.A. (org.) Geografia e Giro Descolonial. Experiências, ideias e horizontes de renovação do pensamento crítico. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2017. (pp.15-36)

DIAS, Josimara Martins.; PEREIRA, Newton Müller. Considerações sobre a evolução do Sistema Nacional de Unidades de Conservação e o ordenamento territorial da Amazônia: interações entre o Estado e a Ciência. Desenvolvimento e Meio Ambiente, n. 21, p. 69-88, jan./jun. 2010. Editora UFPR44

DIEGUES, Antônio Carlos Sant'Ana. (2000) O mito moderno da natureza intocada. 3.aed. — São Paulo: Hucitec Núcleo de Apoio à Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras, USP, 2000.

ESCOBAR, Arturo. (2005) O lugar da natureza e a natureza do lugar: globalização ou pós-desenvolvimento? In: A colonialidade do saber: eurocentrismo e ciências sociais. Perspectivas latino-americanas. Buenos Aires. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. 2005 P. 69-86

ESCOBAR, Arturo. (2008) Territories of difference: places, movements, life, redes. Duke: Duke University Press, 2008. Disponível em: http://aescobar.web.unc.edu/files/2013/09/Territorios.pdf. Acesso em 04 jun. 2005.

ESCOBAR, Arturo. (2005) El “postdesarrollo” como concepto y practica social. In: MATO, Daniel (Coord.) Políticas de economia, ambiente y sociedade em tempos de globalização. Caracas: Universidade Central de Venezuela. 2005, p. 17-31. Disponível em: http://aescobar.web.unc.edu/files/2013/09/El-postdesarrollo-como-concepto1.pdf. Acesso em: 03 jun. 2015.

ESPINAL, Harold Martínez. (2013) La reiación teoría-diseflo en ia educación actual dei arquitecto latino-americano.In: ESPINAL, Harold Martínez. Habitabilidad terrestre y diseflo, ensayos sobre ei sentido de lo natural, lo cultural y lo social en ia práctica académica e profissional de Ia arquitectura -- Santiago de Cali: Programa Editorial Universidad del Valle, p 39-50, 244 p.2013.

ESTERCI, N.; Schweickardt, K. H. S. C. Territórios amazônicos de reforma agrária e de conservação da natureza. Bol. Mus. Para. Emílio Goeldi. Cienc. Hum., Belém, v. 5, n. 1, p. 59-77, jan.- abr. 2010

FREITAS, André Vieira. (2014) Áreas Protegidas, normas e território usado: O sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) como um instrumento de ordenamento territorial. Dissertação (Mestrado em Geografia). Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2014.

GOMES, Lisley Pereira Lemos Nogueira et al. Definição de áreas para manejo de fauna silvestre para subsistência em duas comunidades da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã.. In: 15° Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia 4° Seminário Anual de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação. Livro de Resumos 15° Simpósio sobre Conservação e Manejo Participativo na Amazônia 4° Seminário Anual de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade em Unidades de Conservação, Tefé, AM, 2018.

LIMA, D. M. (1997) Equidade, Desenvolvimento Sustentável e Preservação da Biodiversidade: Algumas questões sobre a parceria ecológica na Amazônia. In: Faces do Trópico Úmido – Conceitos e questões sobre desenvolvimento e Meio Ambiente. Edna Castro e Florence Pinton, (Org.). Belém, CEJUP, 1997.

MOSSAB, Andréia; CUNHA, Gabriel. Descolonizando o ensino de estruturas em arquitetura. Uma proposta a partir da experiência na Unila. Architexts, 228.02 may 2019. Disponível em: https://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/19.228/7389. Acesso em: agosto de 2019.

MORUS, Thomas. (2004) Utopia. Prefácio: João Almino; Tradução: Anah de Melo Franco. - Brasília: Editora Universidade de Brasília: Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2004.

OLIVEIRA, Karla Rosane Aguiar. Regimes jurídicos fundiários no Brasil e função socioambiental da posse agrária: A Regularização Fundiária de populações ribeirinhas da várzea Amazônica. Revista Brasileira Multidisciplinar, [s. l.], ano 2015, v. 18, n. 1, ed. 1, p. 84-94, 2015.

Disponível em: http://www.revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/340. Acesso em: 27 nov. 2019.

OLIVEIRA FILHO, João Pacheco de. (2016) O nascimento do Brasil e outros ensaios: “pacificação”, regime tutelar e formação de alteridades. Rio de Janeiro: 384 p., 2016.

PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. (2009) Temporalidades amazônicas: uma contribuição à Ecologia Política. Revista Desenvolvimento e Meio Ambiente, Curitiba, n. 17, p. 21-31, 2009.

PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. (2012) A reinvenção dos territórios na América Latina/Abya Yala. Conceptos y fenômenos fundamentales de nuestro tiempo. Instituto de Investigaciones Sociales. Universidad Nacional Autónoma de México, Ciudad de México, Mayo, 2012.

PORTO GONÇALVES, Carlos Walter. (2017) De saberes e de territórios: diversidade e emancipação a partir da experiência latino-americana. In: Cruz, V.C. & Oliveira, D.A. (org.) Geografia e Giro Descolonial. Experiências, ideias e horizontes de renovação do pensamento crítico. Rio de Janeiro: Letra Capital, 2017. (pp. 37-54)

QUIJANO, Aníbal. (2005) Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Em: LANDER, Edgardo, Colinialidade de Saber: Eurocentrismo e Ciências Sociais. Perspectivas Latinoamericanas. Colección Sur Sur, CLACSO, Ciudad Auntónoma de Buenos Aires, Argentina. Setembro de 2005. Pp. 107-130.

SANTOS, Boaventura de Sousa. (2009) Para além do Pensamento Abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. Em: SANTOS, Boaventura de Souza & MENESES, Maria Paula (org.), Epistemologias do Sul. Coimbra: Edições Almedina, 2009. p. 23-73. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-33002007000300004&lng=en&nrm=iso. Acesso em: novembro de 2019.

SIOLI, H. (1985) Amazônia: Fundamentos da ecologia da maior região de florestas tropicais. Petrópolis: Ed. Vozes Ltda. 69p

VIANA, Fernanda Maria de Freitas; STEWARD, Angela May; RICHERS, Bárbara Tadzia Trautman. Cultivo itinerante na Amazônia central: manejo tradicional e transformações da paisagem. Novos Cadernos NAEA, Belém, v. 19, n. 1, p. 93-122, jan-abril 2016, ISSN 1516-6481 / 2179-7536

Downloads

Publicado

2025-11-19

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

DISTOPIAS COLONIAIS NA AMAZÔNIA: AS COLONIALIDADES DO HABITAR E DO TERRITORIALIZAR. GEOgraphia, Niterói, v. 27, n. 59, 2025. DOI: 10.22409/GEOgraphia2025.v27i59.a60096. Disponível em: https://periodicos.uff.br/geographia/article/view/60096. Acesso em: 5 dez. 2025.