GEOGRAFIA DO VOTO E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DE GRUPOS MARGINALIZADOS: ELEIÇÕES DE 2020 DE VEREADORAS NEGRAS EM SÃO PAULO

Autores

DOI:

https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2024.v26i57.a61408

Palavras-chave:

Representação política, geografia eleitoral, raça, gênero, São Paulo

Resumo

O ano eleitoral de 2020 foi um marco importante para o processo democrático brasileiro por representar uma crescente participação de grupos marginalizados da política tradicional. O objetivo deste estudo é analisar se houve um aumento da representação do tipo espelho a partir da distribuição espacial dos votos nas eleições de 2020 para vereadoras negras no município de São Paulo. Os métodos utilizados consistem em análises de correlação estatística (Índice de Spearman) e mapeamento dos padrões espaciais de votação, a partir do Índice de Moran I e das contribuições teórico-metodológicas da geografia eleitoral. Ademais, a atuação das parlamentares eleitas foi analisada para colaborar na análise dos resultados. Como resultado, a pesquisa aponta que o aumento da representação de grupos marginalizados, como mulheres negras, não aparenta ser um reflexo de voto-espelho de matriz étnico-racial, mas pode estar mais associada a uma representação mais substantiva, relacionada a ideias e preferências do público.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Akotirene, Carla. (2019). Interseccionalidade. São Paulo: Pólen.

Almeida, Debora Rezende. (2015). “Representação política revisitada: autoridade, legitimidade e democracia”, in: Lavalle, Adrián Gurza; Vita, Álvaro; Araújo, Cícero. (Org.). O papel da teoria política contemporânea. São Paulo: Alameda.

Almeida, Jheniffer Vieira; Peixoto, Vitor Moraes. (2021). “A identidade e a ideologia do Partido Republicano”. Tempo da Ciência, v.28, n.55: pp.67–87. Disponível em: https://doi.org/10.48075/rtc.v28i55.28038

Ames, Barry. (2001). Os entraves da democracia no Brasil. Rio de Janeiro: FGV.

Agnew, John. (1996). “Mapping Politics: How Context Counts in Electoral Geography”. Political Geography, v.15, n.2, pp.129–46. Disponível em: Https://doi.org/10.1016/0962-6298(95)00076-3

Augusto, Daniel Cirilo. (2017). Comportamento Geográfico do voto: a identificação pessoal e a identificação partidária em Portugal e no Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Maringá.

Araújo, Clara. (2001). “Potencialidades e limites da política de cotas no Brasil”. Revista Estudos Feministas, v.9, n.1, pp.231–252. Disponível em: Https://doi.org/10.1590/S0104-026X2001000100014

Autor.. (2023).

Autor; Autor. (2021).

Barbeta, Pedro Alberto. (2014). Estatística Aplicada às Ciências Sociais. Florianópolis: Editora da UFSC.

Braga, Danilo Fiani. (2008). Pentecostalismo e Política: uma geografia eleitoral dos candidatos ligados à Igreja Universal do Reino de Deus no município do Rio de Janeiro - 2000 a 2006. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.

Bratton, Kathleen. (2005). “Critical Mass Theory Revisited: The Behavior and Success of Token Women in State Legislatures”. Politics & Gender, v.1, n.1, pp.97-125. Disponível em: https://doi.org/10.1017/s1743923x0505004x.

Campos, Luiz Augusto; Machado, Carlos. (2015). “A cor dos eleitos: determinantes da sub-representação política dos não brancos no Brasil”. Revista Brasileira de Ciência Política, n. 16, pp. 121–151. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-335220151606

Campos, Luiz Augusto; Machado, Carlos. (2017). “O que afasta pretos e pardos da representação política? Uma análise a partir das eleições legislativas de 2014”. Revista de Sociologia e Política, v. 25, n. 61, pp. 125–142. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-987317256107

Carvalho, Nelson Rojas. (2003). E no início eram as bases: Geografia política do voto e do comportamento legislativo no Brasil. Rio de Janeiro: Revan.

Castro, Henrique Carlos; RAMOS, Paola Novaes. (2009). “Representação e distância na política contemporânea”. Sociedade e Cultura Revista de Ciências Sociais, v.12, n.1, pp. 55–67. Disponível em: https://doi.org/10.5216/sec.v12i1.6901

Castro, Iná Elias. (2005). Geografia e política: território, escalas de ação e instituições. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2005.

Castro, Iná Elias. (2020). “Por que é preciso falar de partidos políticos, de eleições e de democracia?”, in: Nunes, Juliana.; Monteiro, Lício (orgs.). Crise e reinvenção dos espaços da política, Rio de Janeiro: Consequência.

Carraro, André; Araújo Junior, Ari Francisco; Damé, Otávio Menezes; Monasterio, L. M.; Shikida, Cláudio Djissey. (2007). “It is the economy, companheiro!: uma análise empírica da reeleição de Lula com base em dados municipais”. Encontro de Economia da Região Sul: Porto Alegre-RS.

Childs, Sarah; Cowley, Philip. (2011). “The politics of local presence: Is there a case for descriptive representation?” Political Studies, v.59, n.1, pp.1-19. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1467-9248.2010.00846.x.

Cornwal, Andrea; Coelho, Vera Schttan. (2007). Spaces for Change? The Politics of Participation in New Democratic Arenas. London: Zed Books.

Cunha, Ricardo Borges. (2014). Geografia Eleitoral e o Emprego de uma Análise Sistêmica: um estudo de caso sobre o processo Político no Município do Rio Grande/RS. Dissertação em Mestrado, Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Dahl, Robert. (1989). Democracy and its critics. New Haven: Yale University Press.

Ethington, Philip; McDaniel, Jason. (2007). “Political places and institutional spaces: the intersection of Political Spaces and Political Geography”. Annual Revision of Political Science, n.10, pp.127-142. Disponível em: https//doi.org;10.1146;annurev.polisci.10.080505.100522

Ferreira, Juliana Carvalho; Patino, Cecilia Maria. (2015). “O que realmente significa o valor-p”. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, v.41, n. 5, pp.485-485. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1806-37132015000000215

Gelape, Lucas. (2017). A geografia do voto em eleições municipais no sistema eleitoral de lista aberta: um estudo a partir de Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Dissertação de Mestrado, Universidade Federal de Minas Gerais.

Gonzalez, Lelia. (1983). “Racismo e sexismo na cultura brasileira”, in: Silva, Luiz Antônio (Org). Movimentos sociais urbanos, minorias e outros estudos, Brasília: Ciências Sociais Hoje, p.223-244.

Gusic, Ivan. (2019). “The relational spatiality of the postwar condition: A study of the city of Mitrovica”. Political Geography, v.71, pp.47–55. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.polgeo.2019.02.009.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE. (2010). Censo Brasileiro de 2010. Rio de Janeiro: IBGE.

Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA. (2013). Dossiê mulheres negras: retrato das condições de vida das mulheres negras no Brasil. Brasília : IPEA.

Johnston, Ron; Pattie, Charles. (2003). “Representative democracy and electoral geography”, in: Agnew, John; Mitchell, Katharyne; Toal, Gerard (Orgs.). A Companion to Political Geography, Oxford: Blackwell.

Johnston, Ron; Pattie, Charles. (2004). “Electoral Geography in Electoral Studies: Putting Voters in Their Place”, in: Barnett, Clive; Low, Murray (Orgs.). Spaces of Democracy: Geographical Perspectives on Citizenship, Participation and Representation. London: SAGE Publications Ltd.

Key, Voda. (1984). Southern Politics in State and Nation. New York: Alfred A. Knopf.

Lavalle, Adrián Gurza. (2015). “Representatividade e representação democrática. Falso problema ou dualidade constitutiva”, in: Lavalle, Adrián Gurza; Vita, Álvaro.; Araújo, Cícero. (Org.). O papel da teoria política contemporânea. São Paulo: Alameda.

Loureiro, Maria Rita. (2009). “Interpretações contemporâneas da representação”. Revista Brasileira de Ciência Política, v.1, n. 1, pp.63-93.

Luchmann, Lígia Helena Hahn. (2015). “Inclusão, accountability e representação nas instituições de controle social: dimensões da deliberação democrática”, in: Lavalle, Adrián Gurza; Vita, Álvaro.; Araújo, Cícero. (Org.). O papel da teoria política contemporânea. São Paulo: Alameda.

Luzardo, Antônio José Rocha; Castañeda Filho, Rafael March; Rubim, Igor Brum. (2017). “Análise espacial exploratória com o emprego do índice de Moran”. GEOgraphia, v.19, n. 40, pp.161-179. Disponível em: https://doi.org/10.22409/GEOgraphia2017.v19i40.a13807

King, Gary. (1996). “Why context should not count”. Political Geography, v.15, n.2 pp.159-164. Disponível em: https://doi.org/10.1016/0962-6298(95)00079-8

Maiolino, Eurico Zecchin. (2015). Representação e Responsabilidade Política: Accountability na Democracia. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo.

Manin, Bernard. (1995). “As Metamorfoses do Governo Representativo”. Revista Brasileira de Ciências Sociais. n. 29, pp. 5-34.

Magarian, Bárbara Rebeca Alves. (2023). “Os mandatos coletivos no Brasil à luz do conceito de institutional by-pass”. Revista Sociologia Política, v.31. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-98732331e003

Meireles, Fernando; Andrade, Luciana Vieira Rubim. (2017). “Magnitude eleitoral e representação de mulheres nos municípios brasileiros”. Revista de Sociologia e Política, v.25, n. 63, pp.79–101. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1678-987317256304

Mendes, Denise Cristina Vitale Ramos. (2007). “Representação política e participação: reflexões sobre o déficit democrático”. Revista Katálysis, v.10, n. 2, pp.143–153. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S1414-49802007000200002

Medus, Norma Beatriz. (1997). “Los Estudios Electorales en la Geografía”. Huellas: revista del Instituto de Geografía, v.1, n.1, pp.9-25.

Mezzaroba, Orides; Moreira, Aline Boschi. (2013). “Instituto da representação política e seu significado na democracia indireta”. Derecho Politico: Anales de la Facultad de Ciencias Jurídicas y Sociales, v.10, n.43, pp.222-234. Disponível em: http://sedici.unlp.edu.ar/handle/10915/33739

Miguel, Luis Felipe. (2003). “Representação Política em 3-D: Elementos para uma teoria ampliada da representação política”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v.18, n. 51, pp.123-193. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-69092003000100009

Minta, Michael. (2012). “Gender, Race, Ethnicity, and Political Representation in the United States”. Politics & Gender, v.8, n. 4, pp.541 – 547. Disponível em:

https://doi.org/10.1017/S1743923X12000578

Mitchell, Gladys. (2009). “Identidade coletiva negra e escolha eleitoral no Brasil”. Revista Opinião Pública, v.15, n.2, pp. 273–305. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-62762009000200001

Moreira, Tábata Christie Freitas; Karruz, Ana Paula. (2021). “Quem é mais bem representado? Congruência entre parlamentares e segmentos do eleitorado brasileiro”. Revista Opinião Pública, v. 27, n. 3, pp. 878–922. Disponível em: https://doi.org/10.1590/1807-01912021273878

Munis, Kal. (2021). “Place, candidate roots, and voter preferences in an age of partisan polarization: Observational and experimental evidence”. Political Geography, v.85, pp.1-12. Disponível em: https://doi.org/10.1016/j.polgeo.2021.102345

Nicolau, Jairo; Peixoto, Vitor. (2007). “As Bases Municipais da Votação de Lula em 2006”. In: Quem Elegeu Lula?. Rio de Janeiro: Cadernos do Fórum Nacional, p.235- 289.

Pattie, Charles; Johnston, Ron. (2009). “Still talking, but is anybody listening? The changing face of constituency campaigning in Britain, 1997–2005”. Party Politics, v.15, n.4, pp.411–434. Disponível em: https://doi.org/10.1177/13540688093345

Paranhos, Ranulfo; Figueiredo Filho, Dalson Britto; Rocha, Enivaldo Carvalho; Silva Júnior, José Alexandre; Neves, Jorge Alexandre Barbosa; Santos, Manoel Leonardo Wanderley Duarte. (2014). “Desvendando os Mistérios do Coeficiente de Correlação de Pearson: o Retorno”. Leviathan (São Paulo), v.1, n.8, pp.66-76. Disponível em: https://doi.org/10.11606/issn.2237-4485.lev.2014.132346.

Pitkin, Hannah. (1971). The concept of representation. Berkeley: University of California Press.

Pitkin, Hannah. (2004). “Representation and democracy: uneasy alliance”. Scandinavian Political Studies, v.27, n.3, pp.335-342. Disponível em: https://doi.org/10.1111/j.1467-9477.2004.00109.x

Procuradoria Geral da Mulher. (2021). O Aumento da participação das mulheres na política brasileira. Disponível em: <https://www12.senado.leg.br/institucional/procuradoria>. Acesso: março, 2021

Phillips, Anne. (1998). The Politics of Presence. Oxford: Clarendon Press.

Regalia, Igot. (2004). “Representação Política”, in: Bobbio, Norberto (Orgs). Dicionário de Política, Brasília: Editora UNB, 2004.

Reynolds, Andrew. (2005). “Reserved seats in national legislatures: A research note”. Legislative Studies Quarterly, v.30, n.2, pp.301-310. Disponível em: https://doi.org/10.3162/036298005X201563

Sacchet, Teresa. (2012). “Representação política, representação de grupos e política de cotas: perspectivas e contendas feministas”. Revista Estudos Feministas, v.20, n. 2, pp.399–431. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2012000200004

Sena, Karoline Kellen. (2018). “Observância Da Lei 12034/2009: Ações Afirmativas Para Superar A Sub-Representação Feminina Na Política”. CSONLINE - Revista Eletrônica De Ciências Sociais, n.23, pp.177-192. Disponível em: https://doi.org/10.34019/1981-2140.2017.17494

Sendra, Joaquín Bosque. (1998). Geografia Electoral. Madrid: Sistesis.

Schmitt, Charles. (2006). Teoria de la constitución. Tradução: Francisco Ayala. Madri: Alianza, Universidad Textos.

Schwindt-Bayer, Leslie. (2012). Political power and women’s representation in Latin America. New York: Oxford University Press.

Soares, Gláucio Ary Dillon; Terron, Sônia Luiza. (2008). “Dois Lulas: a geografia eleitoral da reeleição (explorando conceitos, métodos e técnicas de análise geoespacial)”. Opinião Pública, v.14, n.2, pp.269-301. Disponível em: Https://doi.org/10.1590/S0104-62762008000200001

Southier, Diane; Ávila, Marcelo. (2014). “Representação descritiva: possibilidades e limites”. Mosaico Social: Revista do Curso de Ciências Sociais da UFSC, v.12, n.7, pp.2-14.

Vinen, Richard. (2002). Bourgeois Politics in France, 1945 – 1952. Cambridge: Cambridge University Press.

Tribunal Superior Eleitoral – TSE. Estatísticas Eleitorais, 2021 https://www.tse.jus.br

Tribunal Superior Eleitoral – TSE. Estatística do Eleitorado – Consulta Quantitativo. Município de São Paulo, 2021. https://www.tse.jus.br.

Tribunal Superior Eleitoral de SP TSE -SP. Maior colégio eleitoral do país, São Paulo tem 34,6 milhões de eleitores aptos a votar nas Eleições 2022, 2022. https://www.tre-sp.jus.br

Terron, Sonia. (2009). A Composição de Territórios Eleitorais no Brasil: Uma Análise das Votações de Lula (1989 - 2006). Tese de Doutorado, Universidade Cândido Mendes.

Terron, Sonia.; Ribeiro, Andrezza.; Lucas, Joyce Fonseca. (2012). “Há padrões espaciais de representatividade na câmara municipal do Rio de Janeiro? Análise dos territórios eleitorais dos eleitos em 2008”. Teoria e Pesquisa, v.21, n. 1, pp.28–47. Disponível em: http://dx.doi.org10.4322/tp.2012.003

Young, Iris. (2000). Inclusion and democracy. Oxford: Oxford University Press.

Young, Iris. (2006). “Representação política, identidades e minorias”. Lua Nova, n. 67, pp.139- 190. Disponível em: https://doi.org/10.1590/S0102-64452006000200006

Warf, Barney; Leib, Jonathan. (2011). Revitalizing electoral geography. Londres: Ashgate e-book.

Zolnerkevic, Aleksei. (2018). A Geografia e os Estudos Eleitorais: a ingluencia do contexto no comportamento eleitoral. Tese de Doutorado, Universidade de São Paulo.

Zolnerkevic, Aleksei (2019). “Contexto social de vizinhança: percepções políticas na cidade de São Paulo”. Revista Brasileira de Ciência Política, v.29, p.189–222. Disponível em: https://doi.org/10.1590/0103-335220192906

Downloads

Publicado

2024-12-20

Como Citar

GODOI DOS SANTOS , T. .; AZEVEDO, D. A. GEOGRAFIA DO VOTO E A REPRESENTAÇÃO POLÍTICA DE GRUPOS MARGINALIZADOS: ELEIÇÕES DE 2020 DE VEREADORAS NEGRAS EM SÃO PAULO. GEOgraphia, v. 26, n. 57, 20 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos