As máquinas de Queneau: por uma poética do código
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v18i35.32939Palavras-chave:
Oulipo, Raymond Queneau, máquinas literárias, poética do códigoResumo
Uma das discussões centrais da Teoria da Literatura, independente da filiação teórica, é em que consiste o fenômeno literário: Intenção autoral? Interpretação do leitor? Construção conjunta de sentidos? Estas, entre tantas outras possíveis explicações, localizam a literatura como uma prática discursiva de sujeitos empíricos, mas podem ser questionadas em um contexto político, social e tecnológico que se afirma cada vez mais como “pós-humano”. Nesse âmbito, uma poética oriunda da língua em si, como potência que devém ato na escrita – aqui entendida como acontecimento intransitivo –, apresenta-se como alternativa não só teórica, mas também na prática literária de autores como os do grupo francês Oulipo (Ouvroir de Littérature Potentielle). Diante de tal aporia – uma literatura que emerge do código, e não do sujeito –, este artigo analisa as obras de Raymond Queneau, fundador do Oulipo e autor de textos que se concebem como máquinas literárias, mais do que obras literárias. Entre estas, destacam-se aqui os livros Exercícios de estilo e Cent mille milliards de poèmes, os quais chamam atenção por apagar qualquer possível referencialidade dos textos. Estes funcionam por meio de engrenagens formais de fina engenharia, dotadas de uma significação intransitiva, a qual aponta continuamente para o código que azeita suas roldanas linguísticas e as faz continuamente girar.Downloads
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