'Amerika', de Franz Kafka: de pai para filho
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v23i45.33565Palavras-chave:
Franz Kafka, Jacques Derrida, Jacques Rancière, lei paterna, democracia.Resumo
Este artigo analisa, no romance O desaparecido ou Amerika, de Franz Kafka, a configuração da lei paterna enquanto sistema opressor que julga e sentencia o filho segundo uma lei-conceito predefinida, que acaba por tornar esse julgamento uma ficção. Dois territórios democráticos, um utópico e outro real, apresentam-se como o cenário do julgamento, da sentença e do castigo do filho. Diante da lei do pai, o filho não dispõe de nenhuma possibilidade de escolha, pois se encontra enredado em um pecado original que, antes de sua própria existência, já o tinha sentenciado como culpado. No desenvolvimento deste artigo, três narrativas curtas de Kafka são apresentadas como exercício de reflexão sobre essa lei paterna autocrática, são elas: A metamorfose, O veredicto e Carta ao pai. Textos de Jacques Derrida, “Préjugés: devant la loi”, e de Jacques Rancière, “O continente democrático”, dão a este artigo uma estrutura teórica pela qual a lei paterna kafkiana pode ser pensada.
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