Polissemia nos usos do verbo 'ter': arbitrariedade ou iconicidade? Uma questão de ponto de vista
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v23i46.33591Palavras-chave:
Ter. Polissemia. Iconicidade. Arbitrariedade.Resumo
Considerando o fenômeno da polissemia nos usos de ter, em que o verbo apresenta estatutos categoriais pleno e auxiliar, esta pesquisa propõe descrever e analisar os usos de ter no Português Brasileiro (PB) sob uma ótica diacrônica. Sob uma perspectiva funcionalista, os usos auxiliares teriam se desenvolvido um do outro, a partir da noção de posse do verbo. A hipótese é que, no PB, esse desenvolvimento não ocorreria; não haveria iconicidade entre ter e as suas funções; ele teria ocorrido num momento anterior ao da implantação do português no Brasil, pois muitos fenômenos linguísticos arbitrários advêm de estruturas icônicas no passado. Assim, esta pesquisa assume um ponto de vista funcionalista, com base nos postulados de Heine et al. (1991), Hopper (1991), entre outros. A pesquisa apoia-se em textos do século XVI ao XX, extraídos do Corpus do Português (disponível em: <www.corpusdoportugues.org.br>). Os usos do verbo são descritos e analisados pelo cruzamento entre o seu estatuto categorial e o seu valor semântico e, em seguida, quantificados. A análise revela usos de ter com estatutos categoriais [+ auxiliar] e [+ pleno] nos textos de todas as sincronias. Um processo de mudança nos usos do verbo não é verificável no PB.
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