'Vozes de Tchernóbil' – o tempo suspenso, o horror e a linguagem da memória e do esquecimento
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v23i47.33601Palavras-chave:
Tchernóbil, Svetlana Aleksiévitch, memória e esquecimento, Literatura e História.Resumo
Vozes de Tchernóbil – a história oral do desastre nuclear, de Svetlana Aleksiévitch, publicado em 1997, representa o tapa definitivo na ideologia do progresso civilizador e possibilita a discussão da extrema contemporaneidade das linguagens da memória e do esquecimento, assim como a interpelação das escritas da história perante a catástrofe anunciada; nessa relação são traçadas fronteiras insuspeitas e sensíveis entre ambas as formas de conhecimento. As narrativas de memória urdidas pela autora, que formam uma espécie de mosaico, exprimem, de diversas formas, o “estupor” experimentado por milhares de pessoas e enunciam, a partir do desconcerto e estranhamentos radicais, os desafios colocados à tradição, à subjetividade e à existência humana no interior do que é experimentado como uma “nova sensação do tempo”. Este artigo busca levantar tópicos compreensivos do “estranhamento” e “terror” de que falam os testemunhos múltiplos e insistentes, diante do sentimento de eclipse da própria linguagem para dar conta do acontecido e vivido.
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