Espaços monstruosos: o Gótico na ficcionalização de Pedra Bonita e de Canudos
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v23i47.33609Palavras-chave:
poética gótica, loci horribiles, literatura brasileira, movimentos messiânicos.Resumo
Ao contrário do que a crítica e a historiografia literárias dos séculos XIX e XX nos levam a crer, a literatura brasileira apresenta influxos góticos. Nesse contexto, a prosa regionalista desponta como uma ramificação mais desenvolvida da literatura de terror, horror e suspense no Brasil, em que o interior do país, especialmente os sertões, se transforma em um autêntico locus horribilis. Nos romances O reino encantado: crônica sebastianista (1878), de Araripe Júnior, e Os Jagunços: novela sertaneja (1898), de Afonso Arinos, os narradores, ao utilizarem uma retórica macabra e horrorizante para descrever, respectivamente, os movimentos messiânicos de Pedra Bonita e de Canudos, constroem uma paisagem nordestina lúgubre e macabra. Em ambas as narrativas, o espaço não é apenas o palco em que se praticam e sofrem as atrocidades das tramas, mas também é o principal responsável pela constituição de uma atmosfera opressora e funesta. Enquanto O reino encantado descreve o sítio dos rituais da seita de Pedra Bonita de forma a provocar sentimentos de horror e ojeriza, Os Jagunços utilizam-se da natureza sertaneja para explicitar o terror dos soldados republicanos diante dos canudenses.
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