Testemunhos em fragmentos: memórias do colonialismo português na peça Amores Pós-Coloniais
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v25i53.42957Palavras-chave:
Literatura PortuguesaResumo
A companhia teatral Hotel Europa, codirigida por André Amálio e Tereza Havlíčková, estreou em fevereiro de 2019, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, a peça "Amores pós-coloniais", a quarta da série de teatro documental dedicada a Portugal contemporâneo – “Portugal não é um país pequeno” (2015), “Passa-porte” (2016) e “Libertação” (2017). Em “Amores pós-coloniais”, seis atores – três homens (dois brancos e um negro) e três mulheres (uma branca e duas negras) – dividem o palco, contando histórias de relações amorosas marcadas pela Guerra Colonial, pela descolonização, e por uma sociedade portuguesa que nutre um “pensamento que ainda não se descolonizou”. A peça, composta por fragmentos de testemunhos, músicas e referências bibliográficas sobre o tema, forma uma espécie de mosaico sobre a descoberta, a sobrevivência ou não do amor como um sentimento marcado pelas transformações sociais e históricas. Amores em África, amores em Portugal, durante a Guerra Colonial, após o 25 de abril de 1974, e seus desdobramento na atualidade, relações inter-raciais, violência doméstica, racismo, filhos sem pais, são alguns dos temas abordados no palco, tendo a fonte testemunhal como principal elemento para a estruturação do espetáculo. Este artigo pretende discutir a construção da peça “Amores pós-coloniais” a partir do uso em cena de testemunhos sobre o recente período colonial português e seus desdobramentos após o processo de descolonização, evidenciando os fragmentos como um “lugar” possível para o emergir das memórias ainda silenciadas na sociedade de forma geral.
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