Língua comum indecifrada: Grace Passô, Adília Lopes
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v25i53.44426Palavras-chave:
Grace Passô. Adília Lopes. Imaginários do comum. Tradução.Resumo
Este artigo põe em zona de vizinhança alguns inventos de Grace Passô e de Adília Lopes. Toma essa (inusitada) aproximação como ocasião favorável para refletir sobre o comum – tema que anima este volume e que ganha contornos singulares na atenção criadora que as artistas brasileira e portuguesa lhe dispensam. Propõe-se que, nos dois casos, estão em jogo gestos de tradução do comum – sob a hipótese de que as duas autoras remoçam, cada uma à sua maneira, a ideia antiga de que a escrita artística contrai com a própria língua uma relação de tradução, voltada para liberar o outro rarefeito no mesmo. A compreensão de tradução que informa mais imediatamente o artigo é aquela que transborda dos escritos ensaísticos e da prática tradutória e poética de Anne Carson, notadamente suas reflexões em torno da tradução como catástrofe. Mostra-se como, ao traduzirem o comum, Grace Passô e Adília Lopes “catastrofizam-no”, atingindo modos arraigados com que nos habituamos a opor o dentro e o fora das línguas, das comunidades, dos corpos. Prometem, assim, deslocar a percepção hoje tão criticada quanto ainda insidiosa do comum como um espaço, equipando-nos com saberes experimentais que permitem divisá-lo, ou antes, vivê-lo como tarefa.
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