Viagem pelo sensível: a paisagem como fonte ou veículo para o pensamento, na poesia de Cecília Meireles
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v27i57.51462Palavras-chave:
Cecília Meireles. Viagem (1939). Mar absoluto e outros poemas (1945). Pensamento. Paisagem.Resumo
Este estudo discute a relação entre paisagem e pensamento, na poesia de Cecília Meireles, com foco em poemas dos livros Viagens (1939) e Mar absoluto e outros poemas (1942). O exercício meditativo, que é uma constante da poética da autora, exerce-se nessas obras principalmente em associação com evocações e figurações de paisagens naturais. E, nessa associação, a paisagem vem a ser fonte ou veículo para o pensamento, estruturando a perquirição que o sujeito lírico engendra sobre problemas de caráter metafísico e metapoéticos. A abordagem aqui proposta insere-se no campo de estudos sobre a paisagem na literatura, que tem entre suas principais referências o autor francês Michel Collot. Em sua teoria ele propõe a análise de como a paisagem provoca o pensar e como o pensamento se desdobra em paisagem, participando esta, sobretudo na poesia lírica, da constelação de significados produzidos pela escrita a respeito da experiência com o mundo sensível. Na poesia de Cecília Meireles, a natureza é estruturante da relação do sujeito com o mundo, consigo mesmo, com o outro e com a própria poesia. E sua figuração na forma de uma “paisagem” vem sempre compor uma “construção simbólica” pela qual o sujeito lírico pensa e exprime essa relação, revelando-se e também a seu canto poético como partícipes do mundo natural, movendo-se com os ventos, com as ondas dos mares, com o luzir das estrelas ou da lua.
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