Formas de vida wittgensteiniana e perspectivismo ameríndio: por uma linguística antropológica selvagem
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v28i62.58324.ptPalavras-chave:
Linguística antropológica, L. Wittgenstein, Formas de vida, Perspectivismo ameríndioResumo
Partindo do pressuposto de que vivemos certa crise metodológica nas Humanidades – da qual os Estudos da Linguagem fazem parte –, este artigo propõe uma perspectiva de estudos discursivos que tenha como base a concepção de linguagem como forma(s) de vida tal como expressa pelo pensamento do L. Wittgenstein maduro. Concomitantemente, pretendemos reler a perspectiva wittgensteiniana de linguagem sob o olhar de outro perspectivismo: o ameríndio, conforme formulado pelo antropólogo brasileiro Eduardo Viveiros de Castro (2002, 2018). Desse modo, partindo de uma filosofia da linguagem ordinária, faremos uma leitura das formas de vida wittgensteiniana com lentes ameríndias. Como veremos, nossa concepção de linguagem tem como consequência epistemológica a inessencialidade de seus conceitos. Essa fugacidade resvala no próprio ser: o antropófago digere seu inimigo e lhe toma o nome, maior honraria alcançável ao transformar sua corporeidade. Entre os ameríndios, é no corpo que os entes – todos gente – se (des)identificam entre si. O sujeito, como a linguagem, se constitui, necessariamente, na/pela alteridade. Enfim, sujeito e linguagem são entes sempre em devir. As formas de vida são biológicas e culturais – ou melhor: não há essa distinção natureza / cultura. E isso não é um relativismo, mas um perspectivismo linguístico-antropológico.
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