'Se pá' um condicional epistêmico!
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i64.60585.ptPalavras-chave:
expressão idiomática, composicionalidade, condicional indicativo, expressividadeResumo
Este artigo tem como objetivo apresentar uma proposta para a semântica-pragmática da expressão ‘se pá’, característica da fala de comunidades mais jovens no Brasil. Em textos escritos, como whatsapp ou twitter, aparece grafada de maneiras distintas: ‘cepá', 'sepá', 'cpá' e etc.... Argumentamos que se trata de uma expressão composicional, em que o ‘se’ é a conjunção condicional e o ‘pá’ ocupa o lugar da sentença antecedente. Defendemos inicialmente que não estamos diante de um operador de possibilidade como ‘talvez’, mas de um condicional indicativo, já que não se combina com formas do verbo no subjuntivo. Mostramos, com base em Potts (2007), que o ‘pá’ carrega expressividade, veiculando a posição subjetiva do falante. Para a semântica, partimos da proposta de Kratzer (2012) para os condicionais em que o ‘se’ indica que a restrição da quantificação universal, que é implícita, é dada pelo antecedente. O antecedente está ocupado por ‘pá’, que veicula que as restrições são aquilo que é o curso normal dos eventos. A base modal são os mundos acessíveis a partir do mundo de avaliação, que são ordenados segundo a normalidade. O ‘pá’ é a proposição que resume as condições normais. Assim, o falante indica que se tudo for normal, o consequente se segue. Logo, ele não apenas está inclinado na direção do consequente, mas a expressividade da expressão veicula que o falante está emocionalmente inclinado nessa direção.
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