Falar de si: entre a estética e a ética em Michel Foucault
DOI:
https://doi.org/10.22409/gragoata.v29i65.61873.ptPalavras-chave:
Michel Foucault, Subjetividade, LiteraturaResumo
O presente artigo pretende analisar as relações possíveis entre a escrita, a literatura e uma concepção de si, ao longo da obra de Michel Foucault. Para tanto, partimos das considerações presentes em “O diário íntimo e a narrativa”, de o Livro do Porvir, de Maurice Blanchot, que, segundo nossa hipótese, fornece o paradigma de compreensão dessas relações no Foucault dos anos 1960. Foucault herda de Blanchot a concepção da literatura como instância de desaparecimento do Eu. Esse paradigma se inverterá no momento genealógico dos anos 1970, quando Foucault virá a conceber a literatura sempre como prática simpática ao exercício do poder: não mais capaz de dar vazão a uma potência de negação de toda soberania, a literatura se torna mais um dos discursos que forjam uma interioridade governável e dócil no sujeito, ao forçá-lo a falar de si. Por fim, já nos anos 1980, Foucault parece retornar a um aproveitamento afirmativo da literatura e da arte. Em consonância com o privilégio da ética que marca esse período de sua obra, esse retorno à estética será configurado por uma inovadora compreensão da arte, que a considera menos como forma de compor obras do que como espaço de uma invenção de si mesmo.
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