Imaginário, política e diferença: assimetrias e dificuldades

Autores

  • Alexandre Montaury Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i67.66780.pt

Palavras-chave:

Literaturas em língua portuguesa, Pós-colonialismo, Colonialismo português e assimilação cultural

Resumo

O artigo propõe um olhar panorâmico sobre as políticas de assimilação cultural empreendidas pelo regime colonial português e sobre a composição de um universo cultural estruturado na órbita da língua portuguesa e caracterizado pela heterogeneidade e diversidade. A complexidade e a vastidão do corpus literário produzido nesses diferentes espaços ao longo das últimas décadas podem oferecer importantes subsídios acerca do mundo contemporâneo, em que estratégias de sobrevivência de práticas simbólicas de matriz colonial ameaçam a autonomia de indivíduos e populações. O artigo propõe, ainda, a formulação de uma hipótese: um quadro político-cultural que implica diretamente as disputas modernas e contemporâneas pelo imaginário produzido nos diferentes estados-nação que integram o conjunto de
ex-colônias portuguesas. A premissa central deste trabalho é de que as racionalidades gestadas em mundividências do Sul e baseadas em cosmogonias e universos simbólicos próprios foram identificadas como culturas do atraso a serem corrigidas nos processos civilizatórios da modernidade colonial. Os esforços anticoloniais contemporâneos implicam uma revisão pormenorizada das forças e dos vetores que atuaram e atuam na assimilação de pessoas e grupos humanos às racionalidades ocidentais hegemônicas para que seja possível a formação de uma consciência crítica presente em textos literários e ensaísticos e em objetos culturais que delineiam novas formas de resistência.

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de agosto de 2020.

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Publicado

2025-06-16

Como Citar

Imaginário, política e diferença: assimetrias e dificuldades. (2025). Gragoatá, 30(67), e66780. https://doi.org/10.22409/gragoata.v30i67.66780.pt